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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

||| Circo, ignorância e má-fé

por josé simões, em 12.06.14

 

 

 

O Governo convoca os sindicatos para dia 20 Junho para discutir a reposição dos cortes salariais de 3,5% a 10% nos salários acima de 1500 euros e que o Governo aprovou no dia 12 de Junho, oito dias antes.

 

Os cortes salariais que o Governo aprovou e que vai propor aos sindicatos ficam dependentes da aprovação no Parlamento, onde o Governo tem uma maioria absoluta que o suporta, acéfala e em modo correia de transmissão e câmara de eco da acção governativa, que se demitiu das suas funções de fiscalização.

 

Depois destas etapas do "processo democrático", os cortes decididos pelo Governo, propostos aos sindicatos e aprovados pela maioria no Parlamento, ainda têm de passar pelo crivo do camarada conivente do Governo, o Presidente da República.

 

O mesmo Presidente da República que, baseado em "profundos e estudados pareceres técnicos", não pediu ao Tribunal Constitucional, nem a fiscalização preventiva nem a fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado com os cortes salariais, posteriormente chumbados pelo Tribunal Constitucional, a pedido dos partidos da oposição e que, vá-se lá saber por que cargas de água, a vai pedir agora.

 

No final deste circo de total nonsense que é uma notícia que parece feita de encomenda pelo Governo para transmitir a ideia de que o processo é muito complexo e cheio de perigos e escolhos, ficamos com a dúvida se o jornalista é ignorante, se está de má-fé, se é mais um actor circense, não necessariamente por esta ordem, cada uma por si ou todas em conjunto.

 

[Imagem de autor desconhecido]

 

 

 

 

 

 

||| Saída à portuguesa

por josé simões, em 12.06.14

 

 

 

A saída do programa da troika, malgrado o aumento da dívida, os défices "martelados", o aumento do desemprego, o êxodo da emigração, as falências das empresas, a degradação dos serviços públicos – desde a educação à saúde passando pela justiça, a baixa do custo do factor trabalho, a precarização laboral em benefício da rigidez patronal, o empobrecimento generalizado do país, seria sempre, desse por onde desse, uma saída limpa e o contrário o assumir pela troika, e pelo Governo do para o infinito e mais além que a troika, do fracasso das suas políticas e do falhanço de todos os objectivos propostos. Apontaram-nos a porta da rua e agora estão por vossa conta. Mas, como Deus escreve direito por linhas tortas, graças ao Tribunal Constitucional a partir de agora deixar-se-á de ouvir falar em saída à irlandesa para se começar a ouvir falar em saída à portuguesa, antes do tempo e tudo, como exemplo para o futuro. Temos pena de quem quer que se siga e da devastação económica e social que terá pela frente.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

||| Idiota útil, isso sim

por josé simões, em 12.06.14

 

 

 

Por falar em "pulhas", ainda sou do tempo dos briosos deputados PSD, na rotunda do Marquês a aplaudir e cumprimentar Mário Nogueira, o líder responsável, na descida da Avenida com um ror de profs e afins atrás de si. Mas, como entre os presentes, não consta ter havido alguma "reacção vagal", já [quase] ninguém se lembra disso.

 

Verdadeiramente surpreendente, neste Dia da Raça do Ano da Graça de 2014, é o comissário Nogueira não ter estado entre os comendados e medalhados, pelo camarada conivente do Governo na cadeira presidencial, por altos serviços prestados à causa da destruição da escola pública.

 

Idiota útil, isso sim. Ainda por cima, maltratado por aqueles a quem serviu. Como professor devia conhecer o significado da expressão "Roma não paga a traidores".

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

||| "Reserva mental" é a tua tia, pá!

por josé simões, em 12.06.14

 

 

 

Visto daqui, do lado de fora, de quem não tem militância partidária e até fez sua a máxima de Zeca Afonso "sou o meu próprio comité central", "fazer muito pela capacitação dos políticos e pela recuperação da confiança dos cidadãos na política" era, por exemplo, José Sócrates se ter recusado incluir nas listas do Partido Socialista à câmara de Lisboa um obscuro aparelhista, saltitão da política, recuperado de uma derrota nas Caldas da Rainha para um 20.º lugar, não eleito, nas listas à Câmara de Lisboa mas com acesso directo ao cargo de Governador Civil e como prémio de consolação, ignorando a "reserva mental" do nomeado, como agora se comprova. Esse foi, se não o maior, um dos grandes erros de José Sócrates, não ter entrado com tudo, com o mesmo espírito e ímpeto reformista dentro do partido com que entrou dentro do Estado, na educação e na ciência, na saúde e nas novas tecnologias, e ter cedido aos lobbies e aos barões e viscondes dentro de portas. O resto, o que aqui se lê, é conversa de ir ao cu de quem não sabe fazer mais nada na vida do que saltitar à sombra do partido e que vê agora fugir, mesmo à frente dos olhos, mais uma possibilidade de saltitar outra vez. Ou, como diria o próprio José Sócrates, reserva mental é a tua tia, pá!

 

[Imagem de Marko Manev]