"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os critérios editoriais do Expresso são como a vontade de Deus, insondáveis e inescrutáveis, mas liberdade de expressão é liberdade de expressão e liberdade de imprensa é liberdade de imprensa e era só o que faltava, o Expresso, que não é "o que de melhor se faz na imprensa portuguesa" nem pouco mais ou menos, censurar um imbecil por causa das relações diplomáticas entre Estados. Era assim a modos que um bocado… imbecil. Há sempre a possibilidade de deixar de comprar e deixar de ler, caso o excelentíssimo senhor embaixador não tenha dado por isso.
E chegamos a um ponto em que para desmontar esta gentinha já nem são precisos grandes textos nem grandes análises políticas ou económicas, basta reproduzir ipsis verbis o que lhes sai da boca para fora.
E depois há sempre a "fonte oficial" e a "fonte próxima" que tem o condão de usar os mesmos termos, os mesmos adjectivos e até a mesma construção de frases que o senhor primeiro-ministro, senhor Coelho, usa....
Não fosse a tacanhez de espírito e o sectarismo ideológico e tinham percebido a ironia de um post escrito em 4 minutos, incluindo os 30 segundos para descobrir uma imagem no Google.
Se os sintomas persistirem escrevo outro post a relacionar o título deste com a imagem do outro e os comentários na caixa.
Foi assim com os hippies nos 60s e com as ondas de choque no Portugal, sempre-uns-anos-atrasado-em-relação-ao-que-acontecia-lá-fora, nos 70s pós 25 de Abril, foi assim com as cristas moicano e os arrepiados do punk à "viste o senhorio?", foi assim com os cabelos estilizados e futuristas "Espaço 1999" da new wave, é assim com o cabelinhos à "foda-se" dos betos do CDS, prolongados até à idade da reforma até naqueles que nunca mais se reformam, ler "nunca deixam de andar a saltitar por aí", com excepção dos que vão ficando sem cabelo, era assim nos idos do velho de Santa Comba com quem ousasse ter um dedo mindinho de cabelo por cima da orelha a ser invectivado "vai cortar o cabelo guedelhudo!" nas portas das tabernas. O cabelo sempre foi uma forma de rebeldia e/ ou uma marca identitária e, apesar de o cabelo do camarada Grande Sucessor, filho do camarada Querido Líder, neto do camarada Grande Líder, ser cool e underground, digo eu que nem sou grande fã dos The Smiths, há cabelos e há cabelos e há que cortar veleidades pela raiz e passar o cabelo a ferro como faziam os palhaços Sigue Sigue Sputnik. Eu prefiro fazer coro no pop-samba, com guitarras à la Shadows [que já usavam cabelo à "foda-se" antes de haver CDS e como forma de rebeldia] e com laivos de ye-ye, de José Roberto: "Deixa meu cabelo em paz, Deixa meu cabelo em paz".
É só uma questão de tempo até a tirada de Himmler "A luta anti-semita é só uma luta contra parasitas. Livrar-se dos piolhos não é uma questão ideológica. É simplesmente uma questão de limpeza" ser recuperada, devidamente actualizada para incluir os "pretos" ou os "árabes" [o alvo de eleição da Frente] ou tudo o que der jeito e couber dentro da ideologia do mal. Para já começa assim: "no escolarizar a sus hijos, no pagarles el médico, ni darles ayudas sociales", lanzando "una señal que diga que no tenemos nada que ofrecerles".
Por "serviços excepcionais e relevantes prestados ao País" Cavaco Silva, primeiro-ministro, atribuiu em 1992 uma pensão vitalícia a Abílio Pires e Óscar Cardoso, inspectores-adjuntos da PIDE. Também cumpriram a missão que tinham como portugueses. Os três. Cavaco Silva, Abílio Pires, Óscar Cardoso. Um ainda anda por aí. Convencido da sua predestinação e da Pátria.
«Primeiro-ministro deixa no ar promessa de aumento dos "rendimentos mais baixos" e diz que melhorias da economia "não foram obra do acaso"». Deixa no ar.
Melhorias da economia. «Perderam-se 95 mil empregos entre criação e encerramento de empresas. Novos negócios geraram menos 4200 milhões de receitas e recuaram a níveis anteriores a 2004»
As pessoas recebem o salário por transferência bancária e as pessoas vão às compras e pagam a renda da casa e pagam a água e a luz e pagam a televisão por cabo e a internet e pagam o passe do transporte público e pagam a escola dos filhos e pagam a conta da farmácia e pagam tudo com o dinheiro do ordenado que foi depositado pelo patrão na conta, aberta no banco por exigência da entidade patronal, pelas pessoas.
As pessoas são umas desmioladas gastadoras que não fazem mais nada na vida do que levantar dinheiro para pagar. Há que castigar as pessoas de modo a obrigá-las a poupar. E há que voltar aos idos da “Primavera Marcelista”, que foi quando a dona Teodora, uma sumidade, uma excelência, uma expert, um Prémio Nobel em potência, despontou para a economia e finanças e política e arte de largar bitaites, com aura de teoria científica, por mais desmiolados que sejam, e obrigar as empresas a pagar em cash o ordenado todos os meses.
"Podes brincar e blasfemar que ninguém crê, Porque é estupendo ouvir cantar o Chevalier, E o sonoro além de mais moderno, È uma alegria de orgia que faz bem
Teodoro não vás ao sonoro, Teodoro não vás mas eu vou, Porque adoro na vida o sonoro, E há-de ser Teodoro, quem chorar, chorou"