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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Greves e Percentagens

por josé simões, em 14.11.06
Passaram despercebidos à maioria dos analistas / comentadores os números publicados esta semana na comunicação social pelo Ministério das Finanças, relativos às greves da Função Pública realizadas no ano de 2005.
 
Ficámos a saber que nas greves convocadas pelo Sindicato dos Quadros Técnicos e pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos em 15 de Julho de 2005, dos trabalhadores considerados ausentes pelos serviços só 48% invocaram o motivo greve. Na de 20 de Outubro convocada pela CGTP, a história repete-se com 55% dos trabalhadores a declararem não trabalhar pelo mesmo motivo.
 
Os outros, usando do expediente Chico-esperto português, justificam a falta com atestados médicos ou outros similares, invocando o motivo doença e com isto escapando ao respectivo corte salarial, ou quem sabe, à vontade de não fazer greve, mas não tendo a coragem de o assumir perante os colegas grevistas ou perante a entidade patronal.
 
Estão assim explicadas as diferenças abissais de números entre o Governo e os Sindicatos de cada vez que há uma greve, ficando claramente o Governo a ganhar em fiabilidade e credibilidade nesta guerra percentual.
 
Até à data não se conhecem reacções ou comentários dos vitalícios Carvalho da Silva e João Proença sobre esta jogada baixa que pelos vistos conta com a cobertura e apoio sindical. Se assim não fosse, nos dias de greve, por respeito pelos que realmente defendem a greve com convicção e por respeito pela própria imagem dos Sindicatos e dos dirigentes sindicais, deveriam ser os próprios a pôr o assunto em pratos limpos.
 
Agora que se fala em listas por tudo e por nada; listas das empresas devedoras ao fisco, listas das empresas credoras do estado, etc., etc. uma forma de moralizar esta questão, talvez passa-se por após a greve, afixar nos placards existentes nas empresas e destinados à actividade sindical, uma lista com os nomes de quem realmente fez greve e de quem invocou outros motivos – e quais os motivos – para não ir trabalhar.
 
Era um acto de coragem e acabava de uma vez por todas com a ideia de que vale tudo para justificar a adesão a uma greve.