"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
No mesmíssimo dia em que o Governo avança com a «proposta de redução das indemnizações para 12 dias por cada ano de trabalho», o BCP, banco intervencionado pelo Estado, «ofereceu aos trabalhadores que aceitarem sair 1,7 vencimentos por cada ano de trabalho», ao mesmo tempo que, com o aval do Governo dos "12 dias", reencaminha para uma Segurança Social, "descapitalizada" e sem dinheiro para nada, nas palavras do próprio Governo, a cortar a eito, na duração e no valor, em tudo o que é subsídio e comparticipação, 600 rescisões amigáveis, directamente para o subsídio de desemprego. Este Governo não tem pena de 600 futuros desempregados, este Governo é amigo dos bancos. Mas isso já toda a gente sabe. Ou pelo menos devia saber, passado que é um ano e meio.
Com o índice de qualidade dos deputados eleitos a diminuir drasticamente, e a olhos vistos, de legislatura para legislatura, vamos todos acabar por assistir ao ridículo que é haver uma décima-não-sei-quantas comissão de inquérito, para chegar a lado nenhum ou, na melhor das hipóteses, chegar onde as outras que a antecederam chegaram, constituída por parlamentares que não sabem quem foi Sá Carneiro nem tão pouco a que partido pertencia.
Não, o Governo das empresas e das marcas não nomeou o secretário-geral da CGTP para presidir a uma comissão encarregue de propor ao Ministério da Economia uma reforma «profunda e abrangente» do Código do Trabalho.
Os guerreiro dos Islão, cansados e desmotivados pela falta de prazer sexual por longos meses em combate contra as tropas de Bashar al-Assad, podem a partir de agora violar com a bênção de uma fatwacasar por algumas horas com todas e quaisquer meninas e mulheres, viúvas ou divorciadas, com idade superior a 14 anos. Allahu Akbar.
Desfeito o mistério, os misteriosos "pareceres jurídicos aprofundados" revelaram que o Presidente que nos calhou em sorte tem dúvidas sobre se fez bem em optar pelas pensões que mal dão para sustentar uma esposa, professora universitária reformada ou se, antes pelo contrário, deveria ter optado pelo ordenado inerente ao cargo que desempenha e à instituição que representa.
"Tomarei a decisão tendo em conta os pareceres jurídicos aprofundados que mandei fazer". Que pareceres jurídicos aprofundados? Como diz o povo, sabes tu, sei eu…
O Presidente fez prova de vida no primeiro dia de Janeiro depois de jantar. Pode voltar descansado para o Facebook, até ao Dia de Reis para receber os cantores das Janeiras. Paz à sua alma.