"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E, aparentemente [sublinho aparentemente], a polícia é ignorante nestas coisas da sabedoria popular e nem sequer lhe passa pela cabeça que só a sua presença, ostensiva, junto de grupos de protesto do linguajar anti-sistema/ anti-autoridade/ anti-capitalismo/ anti-globalização das marcas, que fez de No Logo de Naomi Klein uma Bíblia, eventualmente violentos e, pela sua natureza intrínseca, desenquadrados das organizações políticas e/ ou sindicais, seja o suficiente para espoletar situações de confronto. Surpreendente seria a polícia admitir que contribuiu para o sucedido ao sobreavaliar «a ameaça que poderia constituir um grupo de pessoas detectado no início da manifestação de 22 de Março, em Lisboa, durante a qual ocorreu uma carga policial».
Se tem dívidas ao fisco e/ ou à Segurança Social e está em condições de agora regularizar a situação, ou foi por desleixo ou por tentativa de fuga e, quer numa quer noutra situação, a grande maioria com possibilidades económicas para pagar os estudos dos filhos e dispensar as bolsas. A outra hipótese é não ter mesmo dinheiro para fazer face às despesas do dia-a-dia e o fisco aparece em último lugar no rol das prioridades, atrás da alimentação, do vestuário, da água e da luz e etc. Por isso queiram desculpar por não desatar aqui a pregar saltos e "hurras!" de euforia, mas há aqui qualquer coisa que não bate certo…
Aqui há uns tempos, não muitos, menos de um ano, a criação de «uma taxa de saúde e segurança alimentar» seria mais socialismo a ir ao bolso do contribuinte, o Estado a estrangular a economia, o Estado a ir ao bolso das famílias, o Estado a ir ao bolso do contribuinte, em última instância sobre quem o imposto vai reflectir. E tinha motivado uma ida de Paulo Portas, com todo o "comité central" do CDS mais as televisões atrás, às compras ao Mercadona de Badajoz, uma entrevista no meio da rua, casual para todos os efeitos, a Pedro Passos Coelho, com o deputado Carlos Abreu Amorim a espreitar por cima do ombro a fazer de emplastro, e mais não sei quantos textos literários nos blogues da causa. Mas isso era há uns tempos, atrás, como sói agora dizer-se.