"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Quer então dizer que o administrador-delegado Vítor Gaspar pensa exercer funções até 2018, ou quer também dizer que, e se entretanto o PS for alternância no Governo, vai ser vira o disco e toca o mesmo? Convinha que estas coisas fossem esclarecidas. Não sei se ao PS convém esclarecer, mas convinha que o PS também esclarecesse estas coisas.
Primeiro a UGT bateu o pé [medooooo] e conseguiu segurar o feriado do 5 de Outubro, mas disso já ninguém se lembra, agora a UGT mantém o braço-de-ferro com o Governo [mais medooooo] e o feriado do 5 de Outubro já só acaba se os feriados religiosos acabarem ao mesmo tempo. Descontando o sindicato dos patrões, quando e porque lhe dá jeito, e o Governo, quando e porque dá jeito ao sindicato dos patrões, alguém neste país ainda leva a sério a UGT e o seu excelentíssimo secretário-geral?
É muito mais fácil, e confortável, agitar fantasmas do passado do que corrigir políticas e efectuar mudanças no presente e, acima de tudo, mais fácil do que tentar perceber. Como se a Alemanha [e a Europa] de 2012 fosse a mesma Alemanha [e a mesma Europa] de 1930, como se todos os alemães fossem intrinsecamente nazis, geneticamente maus, como se na sociedade da informação, do click num rato de computador, das redes sociais, dos telemóveis com câmara de filmar e acesso à net, de colocar uma notícia à roda do mundo em milésimos de segundo, ultrapassando por todos os lados, em velocidade e conteúdos, os meios de comunicação tradicionais, fizesse algum sentido, mesmo que só a ideia, da censura, da proibição, do secretismo. «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o Mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades». Se ao menos Camões fosse lido na Alemanha. Se ao menos Camões fosse lido em Portugal.
Enquanto Cavaco Silva, para ficar de bem com Deus e com o Diabo, finge não perceber o que é que na realidade se está a passar, que as "reformas", muito mais que económicas e estruturais, são políticas e ideológicas, Maria Filomena Mónica em entrevista ao i, e num raro momento de lucidez, põe o dedo na ferida: «Quem é muito pobre não pode lutar pelos direitos, só luta pela sobrevivência». Elementar. Foi por isso que, entre outras, a Filosofia nasceu na Grécia antiga – o trabalho escravo libertou o cidadão para outros ócios. Na ausência e quase impossibilidade do recurso à escravatura há que contornar o obstáculo, pelo embaratecimento do custo do trabalho, até ao limiar da sobrevivência. Mantém o povo ocupado com a barriga e liberta a elite para outros ócios. Com um bocado de sorte, e fé em Deus, pode ser que daí nasça Filosofia.
«Para "saber qual o acordo que se fez com a troika tenho um documento publicado pelo FMI, de 150 páginas, onde está tudo explicado, […] alguém neste País sabe, excepto no topo do Ministério das Finanças, o que é que se passou com a Madeira?"»