"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Logo após os assassinatos na escola judaica de Toulouse, quando o atirador era um elemento qualquer, de um qualquer grupelho de extrema-direita, a fazer tiro ao boneco em pretos e muçulmanos – soldados de França, e judeus – crianças, os grandes derrotados da eleições presidenciais que se aproximam iam ser Marine Le Pen e o Presidente Sarkozy, este último pela radicalização do discurso xenófobo anti-emigrante com o azimute [do árabe as-sumut] apontado ao precioso eleitorado da neo-fascista Frente Nacional.
Quando o atirador foi identificado como um fundamentalista islâmico, com passagem pelo Afeganistão e pelos campos de treino da al-Qaeda, o derrotado nas presidenciais francesas passou, enquanto o Diabo esfrega um olho, a ser o candidato dos socialistas franceses, François Hollande, aos olhos do eleitorado sem argumentos para contrariar os factos que parecem vir confirmar o discurso Le Pen/ Sarkozy.
Deixa-me ver se percebi. Um manifestante lança um petardo, coisa dos energúmenos das claques de futebol todos os fins-de-semana em todos os estádios sem que a polícia esteja para aí virada, e, de caminho, agride polícias [no plural], mas, em todos os jornais e em todas as televisões, só há imagens da carga da polícia de choque a varrer uma das ruas mais movimentadas da baixa comercial de Lisboa e uma esplanada de café pejada de perigosos turistas-manifestantes, e os únicos feridos são os jornalistas presentes para acompanhar o evento. Se nós não tivéssemos já tido a Direita no poder pelas mãos do PSD e do CDS, se não tivesse havido um ministro da Administração Interna de Cavaco Silva, de seu nome Dias Loureiro, até aceitávamos a bondade da polícia comandada pelos seus descendentes.
Vivemos, formalmente, numa Democracia e como tal cada um é livre de defender as teorias que quiser, por mais 'macacas' que possam parecer. Agora, ver numa escola do serviço público de educação, universal e gratuito, pago com o dinheiro dos contribuintes, 'advogados' do Lampadinha não lembra nem… ao Walt Disney.
Ainda sou do tempo em que Mário Soares era o bochechas, um contra-revolucionário que tinha guardado o socialismo dentro duma gaveta numa secretária no Largo do Rato, o amigo dos 'amaricanos' que fazia o que a CIA do Carlucci lhe mandava fazer, que era dar cabo da revolução e do poder popular. E todos os dias, durante o dia todo, lá víamos o bochechas, o secretário-geral do Partido Xuxalista, na televisão e nos jornais a defender a contra-revolução e a reacção e os reaccionários. E todos os dias, durante o dia todo, lá víamos os socialistas verdadeiros e os comunistas e os éme éles na televisão e nos jornais, o dia todo, a defender a revolução e o poder popular e a malhar no bochechas. E todos os dias, durante o dia todo, todo lá víamos os reaccionários e os contra-revolucionários escondidos atrás do bochechas com medo dos comunistas e do poder popular, e a não perder oportunidade de morder [n]a revolução, que mal empregues eram as que caíam no chão. Um Kerensky do caralho, esse bochechas.
E foi por bochechas ter sido o bochechas que os socialistas verdadeiros e os comunistas podem hoje continuar nos jornais nas televisões, e até on-line, todos os dias a malhar no bochechas, o dia todo. E foi por bochechas ter sido o bochechas que os éme éles se mudaram todos para o arco da governação e, com grande "sentido de Estado", pariram uma geração que, mais do que ter medo da memória, quer construir um homem novo. E estas merdas de construções e ocultações nunca deram bons resultados. Mas também para saber isso é preciso ter memória. E o bochechas, já velho com' ó caralho, sabe isso. E sabe disso.
Uma grande vitória da sociedade civil e do cidadão anónimo, que se soube mobilizar, transversalmente e fora das baias e disciplinas partidárias e/ ou ideológicas, e ir à luta através das redes sociais [arghhh que nome mais manhoso], através do Feiçe Buque e do Tuita e, principalmente, através dos blogues, onde em posts, uns mais técnicos que outros, o Projecto de Lei 118 aka Projecto Canavilhas foi dissecado e desmontado até á última vírgula. Parabéns para todos nós.
Provoca comichões à OCDE [mais propriamente «acusa»] o «"excesso de cobertura" da contratação coletiva» em Portugal, e a pouca representatividade que os sindicatos eventualmente possam ter para que sejam considerados parceiros credíveis nas negociações. Com não menos comichão está também o Governo PSD/ CDS que, à boleia da OCDE, está já a elaborar um estudo que vai ser a «próxima grande hostilidade contra os sindicatos», anunciam com orgulho, antes de anunciarem que vai ser um estudo que vai mais além que o memorandum da OCDE.
Fazendo de conta que a gente não percebe que o que está em causa não é a representatividade dos sindicatos mas a contratação colectiva ela própria, e que o objectivo primeiro e último é a desregulação total do mercado do trabalho e a desprotecção dos trabalhadores pela retirada de direitos e garantias, já não causa comichões à OCDE, e ainda muito menos ao Governo PPD/ CDS, que a concertação social e/ ou os códigos do trabalho sejam constante e sistematicamente assinados por uma central sindical, para o caso a UGT, formada essencialmente por meia dúzia de sindicatos do sector bancário, seguros e serviços, sem representatividade nas empresas e no mercado laboral, e eles próprios com reduzidíssima implantação entre os trabalhadores que dizem representar.
Pinto da Costa, que há 18 dias dizia não analisar arbitragens, dedicou a flash interview a analisar a arbitragem para, no fim da análise, dizer que não analisava arbitragens, e continuar logo de rajada com a sua análise à arbitragem, não se inibindo de fazer um desvio até Barcelos para analisar a arbitragem do Gil Vicente vs. Sporting, antes de seguir em paz para a sua terra natal, e depois de sublinhar mais uma vez que não analisava arbitragens. Ainda um dia hei-de perceber a razão de Pinto da Costa ser o único presidente de um clube de futebol a ter direito a flash interview, antes, durante e depois dos jogos, independentemente de analisar ou não analisar arbitragens.
Adenda: Pinto da Costa tem razão, Eduardo, o guarda-redes do SL Benfica, estava a colocar "Hulk!-Hulk!-Hulk!" em jogo. Roubo na Catedral.
Mentirosos compulsivos que fazem toda uma pré-campanha e uma campanha eleitoral com a promessa de libertar o cidadão, as famílias, as empresas, da carga fiscal excessiva, como forma de potenciar o crescimento da economia, quando se alcandoram na cadeira do poder, além de não cumprirem o prometido, uma das primeiras medidas que tomam seja criminalizar a mentira na declaração de impostos.
E, antes da entrega, juramos sobre a Bíblia que tudo o que ali consta corresponde à verdade e nada mais que a verdade, assim Deus nos ajude?