"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ver António José Seguro, a discursar por entre o nevoeiro no Chão da Lagoa do PS madeirense, não é ver a imagem de um qualquer D. Sebastião a chegar ao areal da Ericeira, mas a imagem de um líder entalado entre a herança de José Sócrates e do partido que assinou por baixo o memorandum com a troika, e a necessidade de, sem se contradizer, fazer uma oposição minimamente consistente, e aguerrida q. b. , de modo a justificar a confiança do eleitorado. [Não deu para perceber se no final houve morteirada e fogo de artifício].
Primeiro foi cabreuamorim, qual independente John Reed na Moscovo de 1917, a dar conta das boas novas: «Passos Coelho anuncia uma revolução tranquila». Meses depois veio Luís Montenegro anunciar ao povo que a revolução já estava nas ruas, liderada por um «destemido e desempoeirado», talvez com a poeira lavada pelo «sangue, suor e lágrimas» dos portugueses, e assente num pilar até então desconhecido que nestas terras: «trabalho árduo». Ontem por fim [mas não finalmente], veio o ministro do Emprego e da Propaganda anunciar que «É o início de uma revolução tranquila». Afinal tinha havido falsa partida e, como já dura desde o Verão de 2002, desconfio que não fique por aqui.
De quem escreve [já que de que de quem lê tenho as minhas sérias dúvidas], é o anti-amaricanismo [com a, de amaricano] e anti-ocidentalismo primário a aproveitar despudoradamente os erros de palmatória, que os houve/ há, da NATO e da ONU na intervenção líbia, associados à questão who are you/ they, para defender e fazer a apologia de um ditador. Agit-prop manhosa, muito manhosa.
[Não, a imagem não é retirada de Apocalipse Now, do espectáculo com as coelhinhas Playboy em plena selva. Assim como esta não é retirada de Mad Max]
«O Nacionalismo, ou seja o narcisismo e a veneração nacionais é, sem dúvida, em todo o lado, um perigoso distúrbio mental capaz de deformar e distorcer o rosto de uma nação, tal como a vaidade e o egoísmo deformam e distorcem os traços de um indivíduo. Contudo, esta enfermidade teve um efeito particularmente destrutivo na Alemanha, sobretudo porque a essência mais profunda da Alemanha reside na largueza de visão, expansividade e, em certa medida no altruísmo. Quando o nacionalismo atinge outros povos, tudo se reduz a uma fraqueza acidental que não afecta as suas qualidades intrínsecas. Na Alemanha, porém, o nacionalismo mata os valores fundamentais do carácter nacional. Tal explica o motivo por que os Alemães – sem dúvida um povo civilizado, sensível e muito humano em circunstâncias normais – quando são atingidos pela doença do nacionalismo se tornam completamente desumanos e revelam uma fealdade animalesca, que não se observa em qualquer outra nação. Só eles perdem tudo por causa do nacionalismo: a essência da sua humanidade, da sua existência, deles próprios. Esta doença que nos outros só afecta o comportamento, neles corrói-lhes a alma. Um francês nacionalista pode eventualmente permanecer um francês muito típico e, quanto ao resto, muito simpático. Um alemão que sucumbe ao nacionalismo deixa de ser um alemão; é apenas quanto muito uma pessoa. O resultado cifra-se num Reich alemão, talvez mesmo num grande império alemão ou um império pangermânico e na consequente destruição da Alemanha.»
Sebastian Haffner, “História de Um Alemão, Memórias 1914 – 1933, O que conduziu a Alemanha à loucura do nazismo?”, Publicações Dom Quixite, 2004.
Consta que no final Pinto da Costa se insurgiu pelo facto de o jogo se efectuar no municipal do Mónaco, muito mais perto de Barcelona, a casa do inimigo adversário, do que do Porto cidade.
Aparentemente [e só aparentemente] a pergunta não faz sentido, mas Barcelona é norte de Espanha ou sul da Europa?
Não constando que Muammar al-Gaddafi, apesar das visitas de e a Portugal, tenha implementado na Líbia algum programa de generalização do inglês no ensino básico, é um mistério que a grande maioria dos “rebeldes” entrevistados para as televisões seja fluente na língua de Shakespeare, alguns até com sotaque do norte de Inglaterra.