"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ou quando há alturas em que o parecer da Comissão Nacional de Protecção de Dados é para ter em conta e outras há que nem por isso. Para memória futura:
Foi hoje, dia da apresentação do Plano de Estabilidade e Crescimento VII [ou VIII ou IX, já lhes perdi a conta] o ponto de viragem. Daqui para a frente vamos começar a ouvir nos cafés, nos transportes públicos, nas ruas, nas entrevistas curtas para as televisões, o velho desabafo “eu não votei neles”. Pois não, foi por golpe de Estado.
Agora que Miguel Relvas decretou o fim da RTP ilhas o deputado independente Carlos Abreu Amorim vai sair à rua a gritar contra o centralismo de Lisboa ou vai esperar pelo fim da RTP Porto para se decidir?
[Imagem do jornal Record de 10 de Setembro de 1992, finalíssima da Supertaça entre Benfica e Fóculporto]
Se o projecto de Big Brother do Governo PS era perigoso por colocar o Estado a vigiar o cidadão via matrícula do automóvel [e escusam de vir porque cartão de crédito/ Multibanco tem quem quer, telemóvel tem quem quer, Via Verde tem quem quer, matrícula nas viaturas é obrigatório] o do Governo PSD/ CDS, “campeão” da luta pela liberdade e contra o Big Brother do PS, é duas vezes mais perigoso porque, para além de devassar a vida privada do cidadão, coloca o Estado ao serviço dos interesses privados no sector da saúde. As seguradoras agradecem.
Não espanta ninguém que alguns dos principais beneficiários pelo estado calamitoso em que se encontram as finanças do país venham agora a terreiro clamar por medidas para a competitividade e produtividade. Agora que o país deixou de ser atractivo para a imigração há que aplicar aos nativos a mesma dose que antes era aplicada aos desgraçados que vinham de fora em busca de melhores salários e condições de vida. Começa sempre assim, não está em causa isto, não está em causa aquilo, e depois vem o mas.