"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Faz hoje 40 anos que Salazar não morreu. Está entranhado até ao tutano na alma do povo, mesmo na daqueles que nos concursos de televisão respondem que o que já-nasceu-velho em St.ª Comba Dão foi um capitão de Abril. É um trabalho árduo e moroso. Um vintém é um vintém eum filho da puta é um filho da puta.
Sai muito mais barato perguntar ao dador a sua orientação sexual (e esperar que não minta) do que fazer a análise clínica. Isto, claro, partindo do princípio que a SIDA é uma doença de grupo e não um comportamento de risco.
Um PIN é isto: constrói-se um aldeamento turístico em zona de Reserva Natural e, em caso de incêndio, os bombeiros deixam arder a Reserva porque as prioridades são as pessoas e bens.
Viva o PIN! Viva José Sócrates e Nunes Correia! Viva o grupo BES! Vivam os milhares de postos de trabalho, directos e indirectos, que ninguém nunca viu!
“Subtilmente” elimina-se o Governo Civil, coisa que ninguém sabe para que o serve, mas que toda a gente sabe a quem serve, e passa-se a ideia de que “somos” todos muito simplex e racionais na gestão do erário e da cousa pública. Mas depois “ficamos” com um problema (um graaaaande problema) em mãos, e, “subtilmente”…
O matraquear de sound bites a 33 rpm com o pitch no +8 deu lugar a um discurso mais pausado, com voz grave e com ar não menos grave e prenho de responsabilidade. Às vezes parece que vai ter uma recaída e é então notório o esforço que faz para evitar pontuar o seu “brilhante discurso de iluminado” com aquele sorriso de superioridade a que nos habitou.
Se “razão antendível” means exactamente o mesmo que “justa causa” e não tem cá nada a ver com liberalização dos despedimentos, então porquê mudar o léxico?
Ainda sou do tempo do cauteleiro na baixa a oferecer um lugar garantido no Reino dos Homens, via “vigésimo”, que andava sempre amanhã “à roda”. E no Natal, alturas em que se celebra o Reino de Deus, cujos desígnios são insondáveis (que foi a maneira encontrada para justificar todas as vicissitudes do dia-a-dia), era um ver se te avias, era a “taluda”. Coisas aparentemente inconciliáveis, o Reino de Deus e as moedas de César, em alegre coabitação.
Ontem como hoje, “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus”. Bem pode José Barata Moura cantar.
Gostava que me explicassem como é que mais meio-dia de trabalho se reflecte na criação de mais 2 000 postos de trabalho. A sério que gostava, partindo do princípio que o objectivo da gestão privada passa pela maximização de proveitos conjugada com a minimização de custos, e que estas coisas passavam inevitavelmente por um reajustamento de horários e folgas. Há muita gente a ter folga “forçada” ao domingo à tarde.
E depois é tão bom ir gastar solas dos sapatos para o centro comercial a roubar espaço às moscas, e na meia hora que falta para o hiper fechar aquela gentinha que entra para desarrumar a loja sair uma ou duas horas depois, e o empregado aguarda e não bufa e nem recebe horas extras por isso. Não tem família, vida própria, nem tem de ir às compras ao domingo.