"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Até aqui tudo bem. O problema reside na ganância do lucro e na ausência de regulação e fiscalização pelas entidades competentes, que é como quem diz o Estado. Trocando por miúdos: as grandes construtoras ganham a adjudicação da obra que depois é executada com recurso a empreitadas, desdobradas em subempreitadas e em subsubempreitdas, e que para serem minimamente rentáveis recorrem a mão de obra estrangeira, por mais barata que a nacional, sem contratos de trabalho, com cargas horárias desumanas, sem regalias sociais, e maior parte das vezes imigração ilegal. E este modus operandi teve um “pai”.
Na ressaca do chamado boom do rock português, depois dos Chicos Fininhos e das Ruas do Carmo e de Portugais na CEE e de O Corpo É Que Paga, entre outros, e que levaram as editoras e as rádios a apostar em toda a merda que surgia desde que fosse quatro por quatro e com um refrão manhoso, propiciando o aparecimento de aberrações e flops editoriais como os NZZN, Roquivários, e perdoem-me os que ficaram esquecidos que só de me lembrar destes já fico com pele de galinha, e com essa fobia da next big thing e consequente mina de ouro, deitar fora o bebé junto com a água do banho, a coisa estagnou: nem as editoras gravavam o que quer que fosse de “rock português”, nem as rádios passavam o que quer que fosse de “rock português” – só “grandes músicas”, avant la lettre.
Foi com o aparecimento das rádios piratas e com a aposta no alternativo, e na maior parte das vezes alimentadas as emissões com gravações também elas piratas, que se voltou a falar em rock feito em Portugal. E foi assim que o “1º de Agosto” dos Xutos & Pontapés foi um hit antes do estúdio, e foi assim que conseguiram furar o bloqueio e gravar. A primeira banda a gravar depois da ressaca. A partir daí é história.
Esteve muito bem o ministro, Miguel Guedes que esteja caladinho (e os Xutos também).
(Na imagem o pirata mais famoso do mundo: Errol Flynn)
By the way, como «o Partido Comunista não concorre às eleições» não há necessidade de concorrerem outros partidos, de outras cores e de outras correntes ideológicas. Estranho conceito de Democracia…
Durante os três anos em que trabalhou no centro, Gary McFarlane recusou a terapia sexual a casais do mesmo sexo por, segundo ele, ir contra suas crenças religiosas.
O argumento não é só irracional, como também discriminatório, caprichoso e arbitrário; disse o juiz.
Pagam os suspeitos do costume contribuintes, que eles existem é para isso mesmo, para contribuir, independentemente de acreditarem ou não no cucificado, e que se dane a dívida e o rigor de gestão porque Sua Santidade, ao contrário do carpinteiro de Nazaré, tem os lábios divinos demasiados sensíveis ao vidro e a porcelana comum. Não é?
Gosto mesmo de receber correspondência começada por Exmo. Sr. Dr. . “Foge cão que te fazem Barão! Para onde se me fazem Visconde?”. Se começar a usar gravata começo a ser tratado por Professor Doutor; Excelentíssimo Senhor Professor Doutor?
Mesmo correndo o risco de graves danos para a sua imagem – e do partido – pela associação à borrasca que se avizinha, e quando o mais apetecível seria deixar o primeiro-ministro e o Governo em lume brando, tomou a iniciativa e marcou a agenda. José Sócrates que se cuide: começa a passar o spin, apesar do resultado conhecido da reunião ter sido pouco mais que… uma mão cheia de nada.
Teixeira dos Santos ontem já tinha deixado cair que «“é tempo de o Governo e os partidos, em especial o PSD, se entenderem quanto a isto: há que executar as medidas necessárias”» e hoje os jornais fazem primeira página com José Sócrates e Pedro Passos Coelho. Não sei se era bem isto que o líder do PSD desejava: apanhar o caminho minado e armadilhado e ver o seu nome associado ao “odioso” da questão. Seja como for é uma boa prova de fogo e vamos ver o que é que o homem vale agora que a política está de volta.
«empresas públicas com défices gigantescos e gestões ruinosas» onde a administração foi é nomeada pelo patrão aka O Estado, onde o único critério que conta é o cartão do partido aka Jobs For The Boys, e fazendo tábua rasa do «compromisso social [para] com os outros» e para com o dinheiro dos contribuintes aka impostos, e para com os utentes aka pagadores de impostos, e onde nunca ninguém foi é responsabilizado, antes pelo contrário, recebe prémio de gestão no fim do ano.