"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Eu, que de partido político tinha ideia de uma organização onde as decisões eram tomadas por consenso e/ ou por maioria, e de repente vejo José Sócrates apresentar Vital Moreira como o candidato ao Parlamento Europeu que “eu” escolhi, perante a surpresa e admiração geral, até da própria mesa do congresso.
É por estas que a militância partidária me passa completamente ao lado.
Andamos sempre ao contrário dos outros. Tomemos o caso espanhol como exemplo: nem que consiga fazer um flic-flac seguido de mortal encarpado para a frente uma empresa portuguesa consegue ir a concurso – quanto mais ganhar um – em Espanha. É do que toda a gente se queixa.
Por outro lado, temos o já mítico “empresário” português, que recebe subsídio para coçar a barriga e que depois vem reclamar porque foi preterido ou até "impedido" de concorrer, por, vejam lá vocês a lata e o desplante, a empresa não obedece aos critérios de certificação! Já não há respeito por ninguém; nem sequer pelo “empresário”!
Vou-me lembrar deste episódio no próximo protesto ao próximo concurso perdido além fronteira.
Fazia a minha ronda habitual pelos blogues linkados aqui na coluna direita e quando entro no blogue de Pedro Santana Lopes deparo-me com um post que informava do arranque oficial da campanha à presidência da Câmara Municipal de Lisboa com a apresentação do (excelente) site da candidatura.
Como ainda não tinha lido nem ouvido nada sobre o assunto dei conta da boa nova no meu Twitter, eram 22:34. Em menos de um fósforo a notícia espalhou-se pela bloga, de tal modo que, às 22:41, era impossível entrar no sítio tal era a afluência de visitantes.
Só que às 22:36 o post havia sido apagado no blogue de Santana Lopes… Teste? Engano? Não sei. O “mal” estava feito. Em três anos e tal de blogue tive o meu primeiro “furo”. Olha para mim aqui todo inchado.
E não é a “campanha negra”. É o apagão que se deu no partido. Sócrates arraçado de eucalipto secou tudo e todos à sua volta. Quando num futuro mais ou menos próximo, e de certeza inevitável, o PS arrumar as malas de abalada do Governo, vão concluir que o apagão afinal é um blackout. Tenho pena do próximo secretário-geral. Até dói.
Segunda alegoria – A Comunicação Social.
De frente para o palanque e proibição de filmar os delegados e participantes de caras. Com muita ginástica alguns planos de cernelha.
“se me coubesse a decisão de ter um governo sem jornais, ou jornais sem governo, não hesitaria em preferir a segunda hipótese” – Thomas Jefferson, 1787.
A falácia – Vital Moreira ao Parlamento Europeu.
Alguém no seu perfeito juízo acredita que o PS nas europeias venha (como já li por aí) a roubar votos à sua esquerda – PCP e Bloco – por causa dos “lindos olhos” de Vital Moreira?
Não é preciso mais. O PCP e o Bloco já estão a capitalizar. Tenha Dona Manuela arte e engenho, mais crise, estagnação, deflação e desemprego e arrisco um cartão amarelo para o avermelhado.
Não me apetece falar no congresso do PS. Foi deprimente demais.
À boleia de Ferreira Fernandes para passar de raspão por uma que me escapou esta semana: a anunciada decisão da Ryanair em cobrar as idas ao wc durante os voos – 1 libra cada mijadela.
Independentemente de isso ser ou não exequível – olha eu por exemplo, fazia mesmo ali na parede mais à mão e depois faziam o quê; punham-me na rua? – não é isso que fazem todas as companhias; incluir todos os serviços prestados no preço no bilhete? E quem diz a Ryanair diz a Easyjet ou a Monarch ou outra qualquer low cost, em que numa hora o bilhete custa “x” para custar “y”, se preciso for logo uns minutos depois; se nessa variação de preços fosse incluída a tal libra mictória alguém ia dar por isso? Não. Assim como foram honestos e transparentes, caiu-lhes o mundo em cima.
(Na foto Jumbo Jet Anniversary via Bettmann Corbis)