"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Vital Moreira está(va) para o PS como Vasco Graça Moura esteve para os governos de Cavaco Silva e continua a estar para a liderança de Manuela Ferreira Leite. A bola foi por Sócrates chutada – em jargão futebolêz, uma charutada – para o meio campo dum adversário que desde o início da época joga em contra-ataque. Facilita a vida a Dona Manuela. A resposta óbvia será Vasco Graça Moura ou Pacheco Pereira pelo PSD. Ou ambos, recuperando assim uma dupla com provas dadas no meio campo laranja.
Seja como for, o derby vai acabar empatado. Como todos os derbys dignos do nome.
É deveras interessante que quem incessantemente reclama contra os julgamentos na praça pública, delineie como estratégia de vitimização trazer o caso Freeport para o congresso do partido. Está encontrado o inimigo-comum externo que vai servir como pólo aglutinador do partido à roda do líder nas próximas batalhas eleitorais: "a campanha negra".
É perigoso para Sócrates levar o caso Freeport a votos, mas foi a pedido do próprio. E venha quem vier, dê por onde der, Sócrates recordou que “em democracia é o povo quem mais ordena”. Onde é que eu já ouvi isto?
Longe de mim comparar José Sócrates e o caso Freeport aos casos Fátima Felgueiras, Isaltino Morais ou Valentim Loureiro - quer na forma quer no conteúdo; mas a forma e o conteúdo como José Sócrates se vitimizou perante a plateia de Espinho é igualzinha à forma e ao conteúdo que serviram para as reeleições de Fátima Felgueiras, Isaltino Morais e Valentim Loureiro. Nada de novo; o povo é quem mais ordena.
Adenda: este meu escrito sobre "campanha negra" por analogia com o sampler.
Estar a conversar com um amaricano (com “a”), um bife, um australiano, or else, e o fulano estar constantemente “you know?”, “you know?”, ou o equivalente ao português “tás a ver?”, muito discurso Roger Federer: “you know what i mean? you know what i mean?”.
Ié, ai naue uore iu mine; faq’ófe méne; vai ver se está a chover em Palmela; fosga-se! Está bem que o inglês é básico, mas também abusar…
Ser puto implica, invariavelmente, ser do contra; ter uma predilecção muito especial pelas chamadas causas fracturantes. Talvez com excepção de Manuel Monteiro e Manuela Ferreira Leite, já todos fomos putos e sabemos o que é que a casa gasta.
Por exemplo, nos meus tempos de teen os trabalhos de grupo na escola iam sempre bater à porta, ou da droga, ou da prostituição, ou aos bairros de lata, ou da emancipação da mulher; não obrigatoriamente por estas ordem. A revolução de Abril tinha sido há dias e questionávamos tudo o que até então era tabu.
Não erradicámos os problemas, apesar de nos ter passado pela cabeça que o podíamos fazer, mas contribuímos para que pelo menos fossem falados. E, acima de tudo, conseguimos chatear (muito) a brigada do reumático do “não se fala, não se vê, não existe”.
Há sempre um espelho para cada geração. Há quem lhe chame bandeiras. E também há aqueles que não têm geração e fazem suas as “bandeiras” das gerações presentes. O que não quer dizer que sejam toda a vida putos.
Vem esta conversa da treta a propósito de Romeu e Julieta de Shakespeare numa adaptação feita por alunos de uma escola de Londres abordando a temática homossexual, e que recebeu o nome de Romeu e Julian.
Tudo tão absolutamente normal e natural, quantas as adaptações das peças de Shakespeare que foram feitas ao longo dos anos. Não fora aqueles que, no meu tempo de puto, chamávamos de “obstáculos epistemológicos”.
Vejamos a coisa por um prisma ligeiramente diferente.
Aumento da idade da reforma indexado ao aumento da esperança de vida, retrocedendo em marcha-atrás forçada ao mui medieval principio de trabalhar até morrer e de preferência de sol-a-sol. Crise, estagnação, deflação e empresas a fechar portas. Umas porque sim, outras nem por isso, antes aproveitando o guarda-chuva da crise para contornar a legislação e renovar “a frota”. Exército de desempregados acima dos 50 anos. Um homem é novo demais para a reforma, é velho demais para o patrão lhe dar trabalho.
Reformulando a questão, não perdendo de vista a ridicularia que é o Subsídio de Desemprego: Quem vai pagar aos desempregados quando a televisão analógica for “apagada” em Abril de 2012?
Ouvi no telejornal António Serra Lopes, o advogado de Carlos Cruz no Processo Casa Pia, dizer que nunca haverá uma decisão do colectivo de juízes antes do fiinaldo Verão, porque a leitura do acórdão pode coincidir com o período eleitoral que se avizinha.
Senhor causídico, importa-se de repetir? O que é que uma coisa tem a ver com a outra? É que sempre me foi ensinado que em Portugal havia separação de poderes…
De certeza todos devem estar bem recordados do escarcéu - aliás legítimo - que vem das bandas do PCP de cada vez que uma empresa sobe as tarifas acima da taxa de inflação prevista.
Dizia-me o meu pai quando eu estava demasiado falador à mesa na hora das refeições, nos tempos em que o mundo era a preto-e-branco e era preciso passaporte para ir a Espanha, e que se levava um dia quase inteiro para chegar ao Porto de carro e a andar bem, e havia uma rede na escola a separar a parte das raparigas da dos rapazes, e o Benfica era sempre campeão e quem ia à UEFA era o Vitória de Setúbal e o FC Porto valia menos que o Belenenses. Podem confirmar no Conta-me Como Foi.
Agora os putos estão em frente ao Google com o MSN aberto a pingar 20 conversas ao mesmo tempo e com um olho no Twitter, enquanto ouvem música e vão estudando qualquer coisa que o Ministério da Educação ainda não se lembrou de abolir do programa.
É por isso que me causa muuuuuito espanto esta conversa que mais parece do tempo em que enquanto se cantava não se assobiava. Eu que estava capaz de jurar que era exactamente o contrário.
Ainda sou do tempo em que se ensinava Aljubarrota logo desde a escola primária e que o inimigo principal estava aqui a bombordo e que “de Espanha nem bom vento nem bom casamento” e os caramelos nem todos.
Tive há bocado uma recaída quando li – a letras gordas – num dos jornais de referência espanhóis que «Un perro de água portugués será la mascota de los Obama». Possivelmente o fiel amigo do Santo Condestável; o cão que acompanhava a Padeira de Aljubarrota na venda do pão, o cão que foi a morder os calcanhares ao Magalhães até à fronteira de Elvas quando o renegado se vendeu aos espanhóis; e por aí.
Este vídeo foi descoberto no Facebook na página pessoal de Leonard Cohen (esse mesmo), de quem sou "amigo", de quem é possível ser "amigo", ao contrário das outras "vedetas" das artes e do espectáculo, das quais só é possível ser "fã".
Faz 3 dias que a SIC N passa 3 vezes por dia a histórica entrevista de sir David Frost a Richard Nixon. Para já não falar dos milhentos spots a publicitar a dita cuja em tudo o que é intervalo ou pausa. Só não viu quem não quis.
Juro que não fui eu quem emprestou o DVD. Até porque a versão da SIC N é legendada e esta nem por isso.
Isto é dito por um senhor de nome Miguel Henriques, advogado dos clientes do BPP.
E isto tem a sua graça. Porque antes, quando “pingava”, o problema da credibilidade nunca se colocou. Apesar do BPP remunerar muito mais alto que a concorrência, os agora “credíveis”, e do Milagre da Multiplicação dos Pães só ter acontecido no Novo Testamento.