"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Sobre a Atheist Bus Campaing, deixando um link aqui para o Der Terrorist, pergunta o meu amigo Alfredo Aquino lá do Brasil no blogue Ar do Tempo:
«Você pode imaginar isso aqui no Brasil? 30 ónibus públicos, com tal mensagem em português, fixada em suas laterais e traseiras, circulando no meio do tráfego engessado de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador ou Porto Alegre?»
Caro Alfredo: conhecendo o que conheço do povo brasileiro: fé e devoção; não consigo imaginar!
Pelo tempo que levo por aqui, o que me dá para perceber, e socorrendo-me da Teoria Pachequiana do 1%, é que em 99% dos casos, os blogues colectivos giram sempre à roda do mesmo factor: uma personalidade forte (guru) que necessita da sua corte de discípulos e apóstolos como do ar que respira; os disponíveis ao papel de discípulos e apóstolos que necessitam do amparo do guru como de pão para a boca. Se a simbiose for perfeita a coisa funciona.
O(s) problema(s) surge(m) quando a relação não é simbiótica mas mimética, e um (ou vários) de entre os discípulos/ apóstolos começa a ocupar o espaço vital do guru. Ou sai e cria um projecto alternativo, ou destitui o chefe e assume a liderança. Simples. Assim como simples é identificar pela escrita quem é quem (e o) no papel que desempenha.
Sobre as recentes movimentações; nascimentos e mortes e moribundos, trocas de galhardetes e picardias (e continua!) na blogocoisa, a única coisa que me ocorre é: Que Palhaçada!
(Pela dimensão que as coisas estão a tomar, com o blogue a servir de trampolim para outros voos, devemos estar só no início)
No seguimento do post anterior, nem de propósito hoje no Diário de Notícias:
«A memória compreende quatro diferentes estágios: a memorização, o fortalecimento, o armazenamento e a recordação de informações e eventos anteriormente memorizados»
Quando Freitas do Amaral era o Seitas do Mal no jornal O Diário, uma grande fatia da actual classe política do centralão andava a armar confusão nas fábricas, nas universidades e nos sindicatos, com um pin na lapela onde era possível ver as efígies de Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao (acho que era esta a ordem), com qualquer coisa “m-l” por baixo. Era tão grande o pin que era quase maior que a lapela. Sinceramente não sei se havia algum pin ainda maior que abarcasse também o Henver Hoxa…
Eram os tempos de se aceitar Estaline, «com alguma crítica», e os tempos em que a China era socialista. Era os tempos em que o pessoal do PC levava nas orelhas – e com razão diga-se – por causa da Hungria e da Checoslováquia. Continuam a levar – e com razão, diga-se outra vez –, mas também se põem a jeito. Aos apóstolos do Timoneiro e aos Faroleiros do Socialismo na Europa, foi feito um conveniente e conivente reset à memória – como no Total Recall com o Arnold Schwarzenegger e a Sharon Stone – e não se fala mais nisso. E aí andam eles pelos intervalos da chuva, apesar de por vezes serem assaltados por visões do passado.
Não sei quem vai entregar o Premio. Não sei se o presidente da Comissão vai estar presente. Pena Hu Jia não poder himself recebê-lo. Porque está preso. Pela oportunidade de olhar olhos nos olhos alguns ex, agora convertidos.
A gente preocupa-se muito com a (falta de) Democracia na China.