"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
“This report looks at certain practices of the CIA and other US agencies in Europe and in their dealings with European nationals, sometimes in co-operation with European national intelligence and other agencies, in the context of the “war on terror”. Focusing on the disturbing picture that has emerged in the two years since Amnesty International published "Partners in crime: Europe’s role in US renditions", it highlights seven aspects of Europe’s role in the US programme of renditions and secret detention.”
Continuo a achar que, a “classe média”, a par da “classe empresarial”, em Portugal, são as duas maiores patranhas que se tentam impingir aos portugueses desde há pelo menos 34 anos a esta parte.
O que na realidade existe é uma classe de patos-bravos (termo genérico; não só na construção civil e obras públicas) que vive encostado à sombra do Estado, e a que se convencionou chamar “empresário”.
O que na realidade existe (existia?) era uma legião enorme de funcionários do Estado mais as suas famílias; famílias subsidiárias e famílias adjacentes, com salários em média superiores aos dos outros trabalhadores; com acesso a um conjunto de benesses e regalias que os outros cidadãos não tinham (não têm), e a que se convencionou chamar de “classe média”.
Ainda sou do tempo em que nas escolas se ensinava a “visão de jogo” (efeitos do Euro 2008…) do Marquês de Pombal na reconstrução da Baixa de Lisboa após 1755. Apesar das críticas dos que à época questionavam a necessidade de ruas tão largas.
Também sou do tempo em que para chegar de Setúbal ao Algarve era uma odisseia, com saída de manhãzinha cedo, paragem para almoço, e, às vezes, até para lanchar. De Setúbal a Bragança nem me quero lembrar!
Vem isto a propósito (ainda) do discurso de Manuela Ferreira Leite no Congresso do PSD, questionando a necessidade da “vaga avassaladora” que aí vem de investimento em obras públicas. Não estou a equiparar José Sócrates a Sebastião José (nem pouco mais ou menos), já um “Terramoto” tenho as minhas dúvidas. Se já não houve, e não estamos já em tempo de réplicas.
A ponte Chelas-Barreiro faz falta. Assim como faz falta outra para ligar Trafaria a Oeiras. O aeroporto em Alcochete faz falta. Assim como falta faz um aeroporto em Beja e outro em Coimbra. O TGV faz falta. Assim como falta faz regressar ao investimento no caminho-de-ferro, há muito desprezado; e não só para o transporte de passageiros. O recente bloqueio dos camionistas aí está para o demonstrar.
Dona Manuela: não entre por aí! A mobilidade dos cidadãos; a pressa em chegar depressa aos destinos, é uma coisa que as pessoas prezam. Que se questione a forma; o modo como esses investimentos vão ser feitos é outra coisa completamente diferente.