"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Aquando da apresentação dos 10 finalistas de os Grandes Portugueses, escrevi por aqui que não me espantaria absolutamente nada e, até era capaz de apostar que, o vencedor seria Álvaro Cunhal; eleito pelo mesmo lobby que conseguiu colocar a ceifeira de Baleizão nos 25 primeiros.
Entretanto um dado novo surgiu. A imprensa de ontem noticiava que, cidadãos deste país andam a receber sms’s anónimos, onde lhes é pedido para ligarem para um determinado numero – 760 102 003 – e, após efectuada a ligação, descobrem que acabaram de votar no Dr. António, mais conhecido por Salazar, nascido e sepultado em Santa Comba Dão.
Este novo dado a meu ver em nada altera a aposta que fiz no post anterior; antes pelo contrário; e sublinha e reflecte o imaginário colectivo do povo português – o desejo de “alguém” que governe; avesso que é a estas “modernices” da democracia (a portuguesa só tem 33 anos!), a instabilidades e a mudanças constantes de governos.
(Veja-se o modo como o cargo de Presidente da República é encarado mesmo agora em democracia, as simpatias que suscita e os altos níveis de popularidade, seja quem for que o ocupe).
Salazar e Cunhal são, à escala nacional, os símbolos máximos das duas ideologias que marcaram o século XX europeu: Os fascismos e os comunismos; ambos cultivando uma imagem ascética e com um sentido de missão quase ao nível do religioso. Sós e de mão firme; e o povo gosta disso.
Se Cunhal ganhar (continuo a apostar nisso) é o lugar comum da já mítica capacidade de mobilização dos comunistas; mesmo que seja a única eleição que ganhou e, a título póstumo.
Se Salazar ganhar e, pelos vistos com batota, nada de novo, tudo normal.
Alguém é capaz de apontar uma única eleição que Salazar tivesse ganho sem recorrer à batota? Ah pois é…
Aqui há uns anos atrás, privatizou-se o Totta para as “mãos” de Chapalimaud para não “cair” nas mãos dos espanhóis. Depois o mesmo Chapalimaud, imbuído do espírito nacionalista de quem vê um saco cheio de pesetas, vende o Totta aos espanhóis do Santander; o resto pertence à história.
A mesma história que nos conta que na mesma época o Santander era o inimigo público nº 1 do BCP na sua tentativa para ficar com o Totta.
Tal não impediu o BCP, agora que se quer afiambrar ao BPI, ter ido buscar para seu aliado na operação, o ex-inimigo público Santander, prometendo-lhe direitos de preferência na compra dos balcões excedentários caso a operação se concretize, a troco da posição de 6% que estes detêm no BPI.
Ora cerca de 20% do BPI está nas mãos de outro espanhol, La Caixa, que foi autorizado pelo Banco de Portugal a subir a sua participação até aos 33%, inviabilizando com isso as pretensões do BCP e, tornando-se assim, o actual inimigo público espanhol do banco de Paulo Teixeira Pinto.
Confusos?
Na banca, como no futebol, a culpa é do árbitro – segundo fonte do BCP no Expresso de sábado – que para o caso é o Banco de Portugal, na pessoa de Vítor Constâncio, ele próprio ex-quadro do BPI que, na óptica do BCP, com esta arbitragem caseira está a beneficiar a sua ex-equipa.
Continuam confusos?
Não foi Pimenta Machado enquanto presidente do Vitória de Guimarães que disse “as mentiras de hoje são as verdades de amanhã”?
Esperemos então pelo relatório do árbitro e pelas próximas jornadas para ver quais as mentiras que são verdades e vice-versa; quem passa a inimigo de quem.
Com: Rui Baleiras, Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional; Maria das Dores Meira, Presidente da Câmara Municipal de Setúbal; Eugénio Sequeira, Presidente da Liga para a Protecção da Natureza; Moderador: Carlos Andrade.
Auditório Municipal Charlot – Setúbal, dia 31 de Janeiro às 21. 15 h.
EXPOSIÇÕES
- Funny (How I’ve Stopped Lovin’ You)
De Gerald Petit
Caroline Pagès Gallery – Lisboa, a partir de dia 1 de Fevereiro
- Sedução, Cinema & Pintura
Sintra Museu de Arte Moderna – Sintra, até dia 11 de Fevereiro
BAILADO
- España Baila Flamenco
Pelo Ballet Flamenco de Madrid
Teatro Tivoli – Lisboa, dias 1, 2 e 3 de Fevereiro às 21. 30 h.
TEATRO
- Provavelmente Uma Pessoa
Interpretação: Adérito Lopes, Manoela Amaral, Pedro Bargado, Suzana Farratoja
Sala Estúdio do teatro da Trindade – Lisboa, até dia 18 de Fevereiro às 22 h.
- Amador de Gerardjan Rijnders pelos Artistas Unidos
Com: António Filipe, Elsa Galvão e Sérgio Conceição
Convento da Mónicas – Lisboa, a partir de dia 1 de Fevereiro
- Grão de Bico de Raul Atalaia
Pelo teatro O Bando
Pequeno Auditório do C. C. de Belém – Lisboa, até 11 de Fevereiro
MÚSICA
- Phil Mendrix Band; Lady G Brown
Music Box – Lisboa, dia 1 de Fevereiro
- Orquestra Gulbenkian com Artur Pizarro ao piano; Maestro: Cristian Mandael
Obras de Glinka, Tchaikovsky e Reger
Grande Auditório da Gulbenkian – Lisboa, dias 1 e 2 de Fevereiro
- Scott Fields Ensemble
Guitarra: Scott Fields; Sax Tenor: Alípio Neto; Tuba: Bem Stapp; Bateria: João Lobo
Trem Azul – Lisboa, dia 1 de Fevereiro às 19. 30 h.
Teatro Nacional D. Maria II – Lisboa, dia 2 de Fevereiro às 19 h.
- UK Subs, The Vibrators
Incrível Almadense – Almada, dia 2 de Fevereiro às 21 h.
- Ciclo “Os Filhos de Abraão”
Jean-Paul Poletti Choeur de Sartène
Grande Auditório da Culturgest – Lisboa, dia 3 de Fevereiro às 21. 30 h.
- Variable Geometry Sessions
Orquestra VGO
Galeria ZDB – Lisboa, dia 4 de Fevereiro às 23 h.
- Natália Guttman com a Orquestra Metropolitana de Lisboa
No primeiro dia oficial da campanha ao referendo à IVG, assumo como minha e na íntegra, a posição do blogue Bloguítica, que aqui reproduzo, com a devida menção:
REFERENDO SOBRE A IVG: 11 DE FEVEREIRO
«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas 10 primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»
Esta será, muito provavelmente, a única vez em que vou escrever sobre este assunto nos próximos dias. Pela minha parte, nada do que vier a acontecer nas próximas semanas me fará mudar de posição. Vou, de certeza absoluta, votar. E vou votar sim, concordo com a despenalização da IVG, nos termos em que é colocada a questão.
Sou contra a IVG na minha esfera privada. Duvido muito – mas muito mesmo – que alguma vez apoiasse a minha mulher se ela quisesse recorrer à IVG, em virtude de uma hipotética gravidez não planeada. Dito isto, entendo que a minha posição de princípio sobre a IVG não deve condicionar terceiros. Dito por outras palavras, entendo que nesta matéria não tenho o direito nem tenho o dever de limitar as opções de terceiros. A despenalização da IVG não me obriga a nada na minha esfera privada. Porém, a actual penalização da IVG limita, a meu ver abusivamente, o espaço de decisão de terceiros, muitas vezes com as consequências dramáticas que são do conhecimento público.
Esta intromissão do Estado na esfera privada dos cidadãos, neste caso em particular, é a meu ver inaceitável. E isso tem de acabar.
A Liga Portuguesa de Futebol está preocupada com as fracas assistências aos jogos do campeonato; com os estádios vazios.
Vai daí, Hermínio Loureiro decidiu pedir opinião a um painel de experts para dar a volta à situação. Desenganem-se os que pensam que se foi aconselhar com os seus homólogos espanhóis, italianos ou ingleses.
Não! O homem recorreu aos serviços de Manuel Moura Santos – para o mais distraídos, era aquele personagem que no programa Ídolos se dedicava a achincalhar os concorrentes – e a Rui Veloso; tudo gente entendida na matéria, como está bem de ver.
Não lhe passou pela cabeça que as soluções estão mesmo debaixo do nariz, e que passam, por exemplo, por mais transparência e menos compadrio, por bilhetes mais baratos, por não marcar jogos para o domingo ou segunda-feira a horas impróprias, as divisões com menos clubes para aumentar a competitividade e o espectáculo; ou a mais radical de todas as soluções, mas a não menos acertada: simplesmente ele e todo o seu elenco directivo, arrumarem as malas e deixarem o lugar a quem realmente se interesse e perceba do assunto.
Post-Scriptum – Luís Filipe Vieira foi na passada sexta-feira ilibado pela Polícia Judiciária, de toda e qualquer suspeita de corrupção ou tráfico de influências, na transferência de Pedro Mantorras do Alverca para o Benfica.
Os jornais que fizeram manchete de primeira página, ou as televisões que abriram os telejornais com a “bomba”, quando a suspeita se levantou, onde estão para informar do sucedido?
Post-Scriptum 2 – Acabo de ver Pinto da Costa, no telejornal das 19 horas na SIC Noticias, sair das instalações da Judiciária do Porto onde foi prestar declarações. Sem a guarda de honra dos cabeças rapadas. Fica-lhe bem e dá-lhe um ar civilizado.
Os terrenos do aeroporto da Portela não entram nas contas para a privatização da ANA; quem o garante é o ministro das Obras Públicas, Mário Lino. E afiança que os terrenos do actual aeroporto de Lisboa não vão ser vendidos para financiar as obras da Ota.
Qual vai ser então o destino a dar aos terrenos do actual aeroporto na Portela?
“Já falei com o presidente da autarquia, independentemente das pretensões que qualquer das partes possa ter sobre a parcela A ou B dos terrenos. É desejável que o estado e a Câmara se entendam, para que se possa desenvolver um projecto para aqueles terrenos e para a cidade”.
É a resposta dada pelo ministro Mário Lino, sem se rir e, nem sequer corar!
Sendo do domínio público a situação financeira em que se encontra a Câmara de Lisboa e, com base nos antecedentes deste Governo para situações similares, nomeadamente de José Sócrates enquanto ministro do Ambiente e o número de camas para projectos turísticos no Alqueva versus José Sócrates Primeiro-ministro e o número de camas efectivamente programado e autorizado; acrescente-se-lhe a futura linha de metropolitano projectada para servir a zona do actual aeroporto e, aqui temos um cocktail potencialmente explosivo.
Não se antevê um futuro risonho para a qualidade de vida naquela zona da capital.
“Já é tempo, senão mesmo mais do que tempo, para termos uma mulher presidente”.
Hillary Clinton, Des Moines – Iowa
Se dúvidas houvessem ficaram ontem completamente desfeitas. Eis a politica à americana no seu melhor.
Quais as diferenças entre democratas e republicanos – se é que as há; quais as “fricções” ideológicas; quais as ideias base para a questão iraquiana, duma senadora que votou ao lado de Bush na invasão do Iraque; quais as politicas a adoptar para fazer face ao aquecimento global pelo país que para ele mais contribui? Quais as…?
Quem assistiu ao discurso do “Estado da Nação” na passada semana e não soubesse quem era o actor e qual o país onde acontecia, até se podia interrogar se não estávamos num Estado de partido único, tal era a unanimidade nas ovações – algumas até de pé! - ao seu presidente.
Uma vez que está lançada a ideia base que vai presidir à campanha de Hillary – a vez das mulheres; aguardamos as declarações de Barack Obama: “Já é tempo, para termos um negro presidente”, ou de Rudolph Giuliani: “Já é tempo, para termos um ítalo-descendente presidente”; ou Mitt Romney: “Já é tempo, para termos um mórmon presidente”.
Arrisco mesmo que, o essencial sobre o “Estado da Nação” foi dito ontem, não pelo Presidente, não no Capitólio mas, por uma senadora candidata e numa escola secundária em Des Moines – Iowa.
E o estado da nação não é muito saudável quando as alternativas colocadas em cima da mesa são baseadas no argumento da condição.
Quando Jesualdo diz que há arbitragens a merecer investigação policial, deve com toda a certeza, estar a referir-se ao último jogo para a Taça, entre o FC Porto e o Atlético de Alcantara; com uma penalidade que só o arbitro viu e, assinalada no último minuto dos "descontos".
Só que, "escreve Deus direito, por linhas tortas".
(Mais um empate só que seja e, está de regresso o black-out; vai uma aposta?)
Segundo um artigo publicado hoje na revista Science, assinado em co-autoria por Hanna Damásio e Antoine Bechara, uma lesão numa determinada zona do cérebro fez com que um fumador compulsivo – 40 cigarros/ dia – deixa-se de fumar.
Não se admirem se começarem a ver por aí pessoas às cabeçadas nas paredes.
No caso da menina de Torres Novas, mais conhecido como Pai Biológico versus Pai do Coração, “acossados” pela indignação com que a pena aplicada ao sargento foi acolhida pela opinião pública, os juízes pelo Conselho Superior de Magistratura reagiram como corporação que são, acusando a eito que houvera manipulação da informação, quando o que estava em causa não era a entrega da criança ao pai biológico, mas sim a forma brusca como o tribunal advoga que se processe e, a dureza da pena aplicada ao “pai de coração” – a opinião pública não é tão burra quanto às vezes parece.
Para provar que a opinião pública não pesca nada de leis, de tribunais e das suas razões, foram publicadas as sentenças na net.
Surpresa das surpresas! As sentenças do tribunal apresentam contradições e erros.
Nada de mais que faça demover os juízes; são erros sem importância e, errar é humano - dizem.
Sem importância para o quê, e para quem?
Que errar é humano é um lugar demasiado comum para ser ouvido pela boca de um juiz, e para tentar corrigir os erros humanos foram criados os tribunais.
Com uma alínea de excepção. Aquela que isenta os juízes de serem julgados pelos erros cometidos.
Recorrendo a um dito popular, é o que se chama “perder oportunidade de ficar calado”.
As meninas do internato da instituição religiosa Sagrado Coração de Jesus de Évora, ouvidas pelo Departamento de Investigação e Acção Penal falaram que são agredidas com cintos e cabos de faca, não podem falar à mesa nem cantar e além disso, ainda são obrigadas a lavar a loiça de todas as freiras.
Amélia Aguiar, Madre Superiora da instituição rebate as acusações:
“Aplicamos os castigos que os pais aplicam aos filhos”
Onde? Em que país? Em que sociedade? O Sagrado Coração de Jesus de Évora é uma madrassa?
Assistiu-se hoje na Assembleia da República, a um dos debates mais ridículos da sua história – a mudança do horário do tempo de antena.
Não há ninguém naquelas bancadas que tenha a noção do absurdo que é, os partidos políticos gastarem tempo, a debater horários de programação da RTP?
Graças a Deus que o PS fez uso da maioria absoluta e, os tempos de seca antena lá continuam para as 19 horas (a meu ver ainda demasiado tarde).
Entretanto a ERC , veio lamentar que a RTP não volte atrás na decisão, e que assim sendo, vai reflectir a qualidade dos tempos de antena.
Qualidade? Da Associação dos Talhantes do Sul, por exemplo; ou da Confederação dos Produtores de Cerejas da Cova da Beira; ou ainda da Associação dos Dadores de Sangue?
É todos os anos, chegar a fins de Novembro/ principíos de Dezembro e, de rajada ter de gramar, com os tempos de antena só porque estão consignados na lei e o ano está a acabar, e não são cumulativos para o ano seguinte.
Tenham dó! Haja alguém que tenha a coragem de pura e simplesmente acabar com aquilo.