Pirataria e Terrorismo
“A pirataria está a financiar o terrorismo”
Quem o diz é Eduardo Simões, director-geral da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), nas Alegações Finais no DN de hoje. E desenvolve: «Em conferências internacionais têm sido dados exemplos de financiamentos de terrorismo a partir da pirataria. Os casos mencionados foram, em conferências a que assisti, O IRA e, mais recentemente a Al-Qaeda. Nos ataques do 11 de Março, em Madrid, foi apreendida uma carrinha cheia de capas de CD pirata. (…)».
Acredita quem quer. Esta não engulo, e, confesso, estive quase tentado a dar a este senhor o troféu O Verdadeiro Artista.
A seguir ao 11 de Setembro
Revolta-me a hipocrisia de pessoas como o director-geral da AFP, ao afirmarem que com a pirataria «Está em causa o modo de vida de artistas, músicos, actores, editores…», e revolta-me ainda mais a hipocrisia dos «artistas, músicos, actores» ao pactuarem com estas declarações. É mais que sabido que os artistas ganham uma ninharia, uma miséria, nicles, com os chamados royalties sobre as vendas dos seus trabalhos. A grande fatia do lucro vai parar às mãos das editoras e das lojas revendedoras – tipo FNAC’s. Onde os músicos ganham algum dinheiro é, com os direitos de autor recebidos das rádios e televisões de cada vez que a sua música ou o seu trabalho é apresentado, e dos espectáculos ao vivo.
Meus amigos; não sou consumidor de CD’s. Continuo a preferir o vinyl; e, vinyl como é sabido, não dá azo a piratarias. Mas uma coisa vos asseguro; uma certeza vos deixo: se o entendimento sobre “financiar o terrorismo” for contribuir para que as grandes editoras e revendedoras deixem de ter os lucros astronómicos que têm à custa do trabalho criativo de terceiros; eu vou começar a financiar. Vou começar a comprar CD’s piratas.