Chicote neles! (II)
Afinal parece que os “nossos” queridos patrões não querem vir a poder despedir ninguém por motivos políticos ou ideológicos. “Só” (!) querem que a legislação seja alterada, de modo a que a norma que obriga à reintegração do trabalhador despedido de modo ilícito, acabe. Por outras palavras, em português “das fábricas” e “das empresas”, querem poder despedir sem justa causa. Ou seja, o termo é tão vasto que abrange o político e o ideológico, apesar de não ser essa a sua intenção; dizem e juram a pés juntos: por quem nos tomam!? Por amor de Deus!
Ah! E também querem outra coisa de somenos; e como já o disseram pelo menos duas vezes e em ocasiões diferentes, não há forma de o virem a negar: restringir o direito à greve, e retirar aos sindicatos o exclusivo da capacidade para negociar os contratos colectivos. A UGT de Torres Couto de cálice de Vinho do Porto erguido a brindar com Cavaco Silva primeiro-ministro acabou, – para infelicidade dos patrões -, enredada nos escândalos dos Fundos Comunitários para a Formação. A UGT de João Proença vai servindo os intentos, mas pelos vistos não o suficiente. Talvez o homem seja demasiado esquerdista…
Até estou a ver com quem os patrões gostariam de negociar a contratação colectiva. Arranjam-se por aí uns quantos daqueles personagens asquerosos que pululam em todas as fábricas, e de que nenhum trabalhador digno do nome gosta, e que dão pela alcunha de engraxadores-bufos-lambe-botas e está o contrato assinado.
Quanto melhor conheço os patrões portugueses, mais invejo quem trabalha por conta própria.
Post-Scriptum: Este é um tema em que me sinto particularmente à-vontade para falar porque não sou sindicalizado. Tentei a CGTP, mas exclui por motivos ideológicos. Equacionei a UGT e acabei por também excluir, no meu entender, por motivos ainda mais graves: éticos e “sentimento”de classe.