Chicote neles!
Notícia o Público hoje que, as confederações patronais (CIP, CTP, CAP) «reclamam a revisão do artigo 53º da Constituição, o qual garante aos trabalhadores a segurança no emprego, proibindo “o despedimento sem justa causa por motivos políticos ou ideológicos”». (Negrito meu).
Era um assunto pendente, logo desde o dia 26 de Abril de 1974, na agenda dos patrões em Portugal. Parafraseando um slogan dum grupelho marxista-leninista-estalinista-maoista da época, a AOC – “Crava uma espinha na garganta do Cunhal” –, era uma espinha cravada na garganta dos patrões: a proibição de despedimentos por motivos políticos ou ideológicos.
Interessante é que apesar de nunca ter deixado de estar na agenda dos patrões, – camuflado, mas estava lá –, este ponto nunca tenha sido assumido às claras senão agora, sob a governação de um partido que se reclama do socialismo, mas com práticas e derivas totalitárias; com uma assumida tendência controleira e reguladora, nunca vista em 30 anos de democracia, e que a seu tempo têm sido denunciada na comunicação social e nos blogues; mais nestes últimos que nos primeiros. E quando os bons exemplos vêm de cima…
Eu até me atrevo a propor mais uma alínea à proposta dos patrões: reactivação dos postos da GNR que no tempo de Salazar haviam à porta de todas as fábricas e unidades industriais, para melhor vigiar estes perigosos comunistas.
A Bem da Nação! Tudo Pela Nação, Nada Contra a Nação! Amén!
Adenda: A partir de meados dos anos 50 do século passado, e passado que tinha sido o “terror estalinista” e o hábito dos julgamentos que invariavelmente conduziam à pena de morte por enforcamento dos “perigosos conspiradores”, nos países do ex-Bloco de Leste, a todo aquele que discorda-se da orientação política do regime era-lhe vedado o acesso a empregos no Estado, serviços de saúde, e até ao ensino universitário. Na maioria dos casos estas sanções eram extensíveis a toda a família do proscrito. Qualquer semelhança com a reivindicação dos patrões portugueses para o despedimento por motivos políticos ou ideológicos é pura coincidência; como é óbvio…