Haverá forma de colocar a Ordem na ordem?
O bastonário da Ordem dos Médicos afirmou-se indignado por haver médicos que na questão do aborto, são objectores de consciência no sistema público, mas que não o são no privado. E disse estranhar que o Governo não tenha acautelado esta situação quando elaborou a Lei. Esta estranheza de Pedro Nunes soa mais a sacudir a água do capote da Ordem para cima do Governo. A Ordem tão lesta a ser juíz em causa própria quando lhe convém, e a assacar culpas a terceiros – o Governo ou outros – quando não lhe interessa. A Ordem não tem mecanismos para penalizar os filiados que, e até prova em contrário, se regem pela ética e pela moral dos cifrões? O que se assiste é que determinadas práticas são tacitamente aceites há muitos anos; quando caem no domínio da opinião pública, vem a Ordem, via bastonário, indignar-se e verter lágrimas de crocodilo. Vide os casos recentes dos professores com cancro. Eureka! A Ordem dos Médicos descobriu a injustiça e a ilegalidade na constituição das Juntas Médicas. Uma prática de que já é cúmplice desde os tempos de Marcello Caetano. Haverá forma de colocar a Ordem na ordem?