|| O achismo
"Acharam que vestiria a pele de estalinista" diz o senhor Francisco da Cultura. E podia vir com ponto de interrogação que ia dar no mesmo. Diz o senhor Nuno da Educação que "É necessário concentrar nas disciplinas essenciais". E podia vir com um "achamos que" antes do verbo ser que ia dar no mesmo. E quem é que achava o que era ou o que não era essencial? Obviamente o senhor José. Ou o senhor António.
Sejamos directos: vai vir merda grossa. Ler e contar e saber quem foi o primeiro rei de Portugal, e se calhar trabalhos manuais. A baixa qualificação tem de incluir o saber trabalhar com uma goiva e uma agulha para fazer sapatos em S. João da Madeira. A filosofia e as artes estimulam o espírito critico e ter gente, muita gente a pensar, muito nunca deu bom resultado. O princípio é o mesmo que se aplica à economia, não é trabalhar melhor, é trabalhar mais horas. Não é estudar melhor, é aumentar a carga horária.
E sempre fomos muito dados a deixar que os outros achassem por nós. E é o que vai valendo. E agora todos encarneirados de braços no ar e com o isqueiro acesso a cantar o "Ai Timor" do Luís Represas. É preciso unir o povo à roda de um grande desígnio nacional.