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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Uma ideia simples

por josé simões, em 23.05.07

Com o Diário de Notícias de hoje recebo uma brochura do Alto Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural, IP, com o sugestivo título «44 Ideias Simples para promover a tolerância e celebrar a diversidade».

 

Logo a abrir, um prefácio do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira. Primeiro parágrafo:

 

Seria um erro descansar à sombra da “tradição multicultural portuguesa” – tantas vezes recordada – e cruzar os braços quando se trata de promover, junto da opinião pública, a riqueza da diversidade cultural e do encontro de culturas, no diálogo, na tolerância e no respeito mútuo.

 

Qual tradição multicultural portuguesa? Aquela fruto das sucessivas invasões e ocupações da Península, pelas mais diversas civilizações – Fenícios, Romanos, Árabes, Visigodos, etc. – até à estabilização com D. Henrique no Condado Portucalense; e posterior reconquista do resto do território pelo seu filho, o primeiro rei de Portugal, até à criação da nacionalidade? Calculo que não seja essa a tradição multicultural referida. Porque a outra, a que está subjacente ao texto, na realidade não existe. O que existiu foi uma centelha de deserdados políticos e sociais de um povo, com menos escrúpulos, preconceitos, e valores morais e religiosos que os congéneres europeus, que, dentro de cascas de nozes foi por esses oceanos fora e, em cada escala, ia satisfazendo os apetites sexuais com as nativas. Com isso surgiu o que hoje chamamos mestiçagem, e cujo melhor exemplo é um país chamado Brasil. A isto não se chama “tradição multicultural”, chama-se instintos primários animalescos.

 

Avançamos na brochura. Entre as “Ideias Simples” sugeridas encontramos: fazer compras numa loja especializada em produtos de outros países; aprender outras línguas; criação de placards multilingues nas escolas (o que é que a recente proposta de lei – chumbada - do Bloco tem a haver com isto?); um calendário escolar que contemple a diversidade religiosa; aprender palavras nas línguas dos imigrantes; ter em atenção as datas significativas para as diversas culturas – os feriados religiosos, por exemplo; mensagens em diversas línguas nos locais públicos, entre outras.

Pergunto eu, na minha ingenuidade: Não seria muito mais fácil distribuir um folheto a essa imensa minoria que são os imigrantes, onde lhes fosse explicado que estão num país diferente, com língua, cultura, e tradições diferentes, com quase 900 anos de história, e que seria muito mais fácil para todos – eles e nós – tentarem integrar-se o mais rapidamente possível, independentemente de manterem as suas tradições e os seus laços culturais? Seria mais fácil e mais barato!

 

Nos meus tempos de estudante tive um professor de Química que, quando queria denegrir um aluno dizia: “Sabes, fulano de tal, tens dois problemas: és burro e não queres aprender!”. Esta frase pode perfeitamente ser aplicada ao(s) nosso(s) Governo(s). É que ideias simples como estas, já foram experimentadas noutros países europeus, nomeadamente na Holanda e em França, com os resultados que se conhecem.

 

Já não há pachorra para o “politicamente correcto”. Depois anda tudo numa lufa-lufa que os nazis, perdão, os nacionalistas, colocaram um cartaz na rotunda do Marquês.

 

Apetece-me terminar o post, recorrendo ao setubalense, que, para quem não sabe, é aquele dialecto que se fala na minha cidade, Setúbal. Para o senhor ministro Pedro Silva Pereira: “Vai andande mane!”, que é como quem diz: “Desampara-me a loja!