Quem boa cama fizer...
As sondagens valem o que valem; é um lugar comum. Valem muito quando nos são favoráveis, valem pouco ou quase nada pela razão inversa. A primeira sondagem às intenções de voto dos lisboetas publicada hoje no Diário de Notícias vale o que cada candidato, ou candidato a candidato quiser, mas, há um valor subjacente, igual para todos, e que nenhum nem ninguém pode ignorar: o descrédito dos partidos políticos aos olhos dos eleitores. Fernando Negrão o candidato do maior partido da oposição, aparece atrás dos independentes Carmona Rodrigues e Helena Roseta, que por sua vez juntos ultrapassam o candidato “peso pesado” do PS nas intenções de voto.
A procissão ainda vai no adro. Daqui para a frente importa saber se António Costa será outro flop Carrilho, que partiu destacado nas sondagens com meia pista de avanço, para ser derrotado por Carmona nas urnas, ou se Negrão conseguirá ser outro fenómeno Rui Rio que “limpou” o Porto contra tudo, contra todos e contra todas as expectativas.
Penso que é chegada a hora dos sinos tocarem a rebate nas sedes dos partidos. Esta sondagem não é lisonjeira para nenhum, independentemente dos sobressaltos próprios da campanha eleitoral que se avizinha e das consequentes alterações no sobe e desce das intenções de voto. E não foi à falta de serem avisados.
Porque enquanto o eleitorado decidir castigar os partidos transferindo o voto para independentes do calibre de Carmona e Roseta, indubitavelmente dois democratas, não vejo problema de maior, e até pode ser passível de interpretações como a “vitalidade da sociedade civil”. Quando decidir transferi-lo para partidos populistas de raiz nazi-fascista, como aliás já aconteceu na Áustria, então sim, teremos um problema com P grande. E esse é o meu receio.
Provérbio do dia: “Quem boa cama fizer, nela se deita.”