|| Variações
Fazia tempo que andava para escrever sobre a (minha) falta de paciência para ler blogues com posts com mais que dois ou três parágrafos. E ainda bem que nunca escrevi. Está tudo aqui:
«O Ernest Hemingway dizia que um conto deve ser como a ponta de um icebergue. O icebergue é o que não está escrito, é o que o leitor infere do que está escrito. Da ponta que aparece. Na verdade, quem escreve o conto é o leitor, induzido pelo contista. O contista induz, o leitor deduz.
Hemingway escreveu o melhor exemplo da sua própria teoria, o conto "Os Assassinos", sobre um homem à espera dos pistoleiros que irão matá-lo. O homem sabe que seus assassinos estão chegando mas não foge nem faz nada para evitá-los. O conto é isto. Não se fica sabendo porque o homem será executado ou o motivo da sua resignação. Isso está no icebergue. Quando fizeram o filme da história do Hemingway, filmaram o icebergue.
Como a moda na era da linguagem digital dos computadores, que é quase uma volta aos hieróglifos, é a concisão, as pontas dos icebergues literários ficam cada vez menores e o trabalho dos leitores cada vez maior.» (Continua).