|| Lembro-me sempre das histórias contadas pelo meu pai à mesa da refeição
Fazer todos os dias 20 quilómetros ( 10 para cada lado) com a lancheira numa mão – pão, linguiça e azeitonas – e a ardósia na outra, descalço debaixo de chuva ou debaixo de sol, para ir à escola num barraco manhoso na parte de trás da igreja lá na aldeia. O meu avô era um analfabeto, médio rendeiro no Alentejo, e o meu pai andar na escola implicava o esforço de menos um braço de trabalho no campo.
Parece que agora os meninos, filhos da geração da fartura que nunca houve, do facilitismo e do venha a nós, vão ter de fazer até 30 e tal quilómetros de autocarro para ir para uma escola toda xpto, com refeitório e ginásio e computadores e tudo. É uma maldade inaceitável as coisas que agora se fazem às crianças.
(Imagem de Boris Mikhailov)