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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Faz o que eu digo, não faças o que nós fizemos

por josé simões, em 09.04.07

O Público de hoje, citando D. José Policarpo na sua homilia pascal: “A banalização da morte na sociedade dificulta a fé na ressurreição de Cristo” e “Mata-se facilmente, põe-se, imprudentemente, a própria vida em perigo, a morte tornou-se um fenómeno clínico, a própria dor da morte se dilui em cerimónias fúnebres mais marcadas pelos hábitos culturais do que pela vivência da densidade da vida.”

 

Colocando-me na pele (salvo seja!) do cardeal-patriarca de Lisboa compreendo a sua mensagem de preocupação. É certeira na forma, mas falha no conteúdo. O que fez a Igreja Católica ao longo dos séculos senão apropriar-se dos hábitos culturais dos povos e das populações, adaptando-os à sua doutrina para melhor se enraizar e propagar a fé? Os exemplos estão todos aí à vista e são mais que muitos; desde os santos populares à proliferação de santos e santinhas locais que, mais não são que uma conversão dos antigos cultos pagãos. Onde dantes havia um Deus, há agora um Santo – desde a dor de dentes até às trovoadas.

 

“Mata-se facilmente, põe-se, imprudentemente, a própria vida em perigo (…)”. Sempre assim foi, e a Igreja tirou bastas vezes partido de assim ser. Nos primórdios com os seus mártires, e posteriormente, com os por si martirizados – Inquisições (no plural). Só que por via do desenvolvimento e da globalização – pela aldeia global, mata-se por exemplo, alguém no Iraque e passados minutos todo o mundo (literalmente) vê as imagens quase em directo, senão mesmo em directo.

A diferença é aí que reside. D. José Policarpo finge não viver neste mundo e neste tempo?