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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Manifestações (parte II)

por josé simões, em 19.10.06

"Olho as manifestações com muita atenção.

Protesto contra um consenso que acha que as manifestações e as greves não têm de ser discutidas. Existe na sociedade portuguesa um consenso da direita para a esquerda, muito sólido, desde os liberais que se proclamam de direita ao PS, todos reunidos na ideia de que manifestações e greves, por mais gente que desfile na rua, não têm qualquer relevância. Este consenso é amplificado pelos comentários, mas é artificial, conjuntural, tem muito a ver com quem está ou não na moda.

É ridículo o tempo que a TV perde com 48 pessoas à porta do Rivoli no Porto, comparado com o dedicado a uma manifestação que, nas estimativas mais conservadoras, teve 70 mil pessoas.

(...) é pouco sadio, numa sociedade democrática, o desprezo por movimentos que estão a crescer, sem dar relevo à explicação do que os faz crescer. Não se pode ser indiferente aos protestos. (...)".

 

Quem assim fala é Pacheco Pereira.

No post de dia 13/ 10, se bem me recordo, escrevi:

Também interessante foi verificar a mudança de opinião de alguns analistas / comentadores da praça pública, quando nos anos 80 se verificavam manifestações de dimensão equivalente.

Que o governo tinha sido eleito democraticamente e devia ser imune às pressões de rua.

Mas nos anos 80 estava quem estava no governo, e o que era válido nos anos oitenta, não o é agora, enfim... (comentário meu).

Será o mesmo Pacheco Pereira que todos conhecemos? Aquele que foi deputado pelo PSD, na então maior maioria absoluta de sempre, aquele que foi líder do grupo parlamentar que sustentou os governos de Cavaco Silva?

Se tudo se resume a uma questão de moda como diz, Pacheco Pereira, já tem idade e experiencia de vida suficiente para saber que todas as modas são efémeras.

Mas, e nestas coisas há sempre um mas, não é tudo uma questão de modas. É muito mais do que isso; uma questão de quem faz a moda.

 

A memória do povo é curta, já o ouço dizer desde pequenino, mas na nossa memória acho que ainda vivem as imagens das cargas policiais a manifestações e a greves por dá cá aquela palha, useiras e vezeiras durante os governos de Cavaco Silva. Onde estava a relevância dos protestos e das greves na altura?

 

Cavaco Silva primeiro-ministro, ficou célebre pela forma como desprezava a oposição e os protestos de rua, nem se dignando a participar nos debates eleitorais com os outros líderes partidários.

 

A memória colectiva é curta. E a memória individual?

 

 

 

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