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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Os tempos que correm

por josé simões, em 10.07.07

 A propósito dos tempos que correm – OTA e TGV, combate ao défice e combate ao terrorismo, reestruturação do Serviço Nacional de Saúde, guerra no Iraque, nova Lei para a Comunicação Social e os casos recentes na Saúde, e, até o novo Tratado Europeu, de entre outros – lembrei-me de uma coisa que li, tinha para aí os meus 16 ou 17 anos:

 

«Era, por isso, necessário ensinar as pessoas a não pensar e a não emitir juízos, obrigá-las a ver o que não existia e a defender o oposto do que era óbvio para todos.»

Boris Pasternak, O Doutor Jivago.

Os "interesses"

por josé simões, em 15.06.07

A Presidente PS da Câmara de Vila Franca de Xira, a propósito do estudo encomendado pela CIP que aponta Alcochete como a melhor localização para o futuro aeroporto, saiu-se ontem com uma pérola. Exemplar de como funciona, não só poder autárquico em Portugal, mas todo o poder passível de tomar decisões que de algum modo possam vir a influenciar e / ou condicionar o futuro das populações. Como que para corroborar o meu anterior post «1 ponto contra Alcochete», a senhora Maria da Luz Rosinha disse com a maior das canduras “não é possível estar a patrocinar estudos sem qualquer interesse.” Para mim, que fui educado no seio de uma família tradicional em que o sentido do dever, do serviço público, do amor à Pátria, e do superior interesse nacional faziam sentido – independentemente das opiniões políticas que cada um tomava à mesa das refeições, sempre em animados debates – o que a autarca de Vila Franca não acha possível, eu acho absolutamente normal. Faz-me confusão, isso sim, os interesses obscuros, semi-obscuros e às claras, que se movem ao redor da Ota e terrenos circundantes. Mas isso talvez seja um defeito meu, que sou antiquado.

Otários

por josé simões, em 09.06.07

"A Ota está a ficar como o milagre de Fátima, acredita quem quiser."

 

Clara Ferreira Alves no Expresso, hoje.

Uma asneira nunca vem só

por josé simões, em 29.05.07

Há dias assim. Sai-se de casa (às vezes ainda em casa), apanha-se uma, e, depois, é de rajada; como que por arrastamento. Umas atrás das outras.

 

Venho no carro e ouço os resultados do barómetro DN / TSF / Marktest em que a maioria dos inquiridos apoia a abertura dos hipermercados aos domingos. Depois ouço o representante da Confederação do Comércio defender que se devia seguir o exemplo da vizinha Espanha e de outros países da Europa em que ao domingo é para fechar, e que os portugueses não têm o hábito de fazer compras ao domingo.

(Curiosa esta moda recente. De cada vez que se fala em Espanha, o “vizinha” vir por acréscimo. Como se nós não soubéssemos.)

E ouço também um senhor falar em nome, salvo erro, da Associação das Empresas de Distribuição defender a abertura de todo o comércio – não só dos Hipers – ao domingo, com um argumento deveras curioso. Mais ou menos assim: “Justifica-se a abertura de todo o comércio aos domingos. Vejam-se os meses de Novembro e Dezembro em que isso acontece, com as lojas sempre cheias”. Pois. E o Natal mais o 13º mês não têm nada a haver com isto… Natal é todo o ano. Melhor, Natal é quando a Associação das Empresas de Distribuição quiser.

 

Recordo-me de quando era criança; as enormes viagens de carro que fiz por este país dentro, com os meus pais e o meu irmão. Sempre pela nacional, porque isso de auto-estradas era de Lisboa ao Casal do Marco, e de Lisboa a Vila Franca, e mais um bocadinho de Lisboa até depois de Monsanto; era o que havia. Cruzávamo-nos inúmeras vezes com camiões de uma empresa que não me recordo o nome, e que ostentavam na parte superior da cabina um dístico onde se lia “O Mundo Gira e (nome da empresa) Gira com Ele”. Vem isto a propósito do que Vital Moreira, na sua incansável cruzada em defesa da Ota, escreve no Público de hoje: “os concelhos com maior possibilidade de sofrerem danos em consequência de um sismo são, por ordem decrescente, Lisboa, Almada (onde se situa o Poceirão…) (…)”. Pois. “Portugal Gira e os Concelhos Giram com Ele” podia ser o título do artigo de Vital Moreira. O Poceirão, distrito de Setúbal, concelho de Palmela – terra dos bons vinhos, girou até Almada para se encaixar na argumentação de Vital Moreira. É por causa destas, e de outras como estas, que cada vez mais desconfio da Ota e das doutas opiniões em sua defesa.

Mas não se esqueçam da Ota!

por josé simões, em 17.03.07

 Pela sua actualidade, recupero aqui excertos de um artigo, assinado por Miguel Sousa Tavares e publicado no Expresso de 3 de Fevereiro, em plena gritaria e algazarra da campanha do referendo à IVG.

 

Mas Não Se Esqueçam da Ota!:

 

“Vai pôr a capital uma hora mais longe da Europa e do mundo.”

 

“E vai, fatalmente, custar uma fortuna incalculável ao país – que o Governo disfarçará, através da privatização da ANA e das receitas do novo aeroporto e do de Faro (os únicos rentáveis), de que o estado vai abdicar a favor dos privados durante gerações, para assim se poder enganar os tolos dizendo que praticamente não há custos públicos envolvidos.”

 

Os impactos para o turismo, decorrentes da construção do novo aeroporto, segundo um dos estudos em curso e elaborado pela empresa da Ota – NAER:

“Deverá gerar cerca de 1100 milhões de euros para o turismo nacional, que terá um acréscimo de 7, 35 milhões de dormidas com a nova infra-estrutura.”

“O estudo prevê que as entradas de turistas continuarão a crescer indefinidamente ao ritmo de 1, 5% ao ano, o que fará com que em 2020 se atinja os 23, 5 milhões. Então fizeram-se as seguintes contas: se em 2017, quando a Ota entrar em funcionamento, a Portela (que, entretanto, continua sempre em expansão) estará já a responder por 16 milhões de passageiros, os 7, 35 milhões que faltam até chegar aos tais 23, 5 milhões em 2020 serão atingidos graças à Ota. Os pressupostos em que assenta este raciocínio são hilariantes: primeiro, que todos os turistas entram em Portugal o fazem por via aérea (na realidade, são apenas 42%) e, segundo, que todos eles, rigorosamente todos, chegarão através do aeroporto da Ota.”

 

“Segundo os inquéritos que terão sido feitos, também há turistas que deixarão de vir a Lisboa, com um aeroporto situado a 55 km da cidade: “apenas 14%, escreve o jornal (Jornal de Negócios). Apenas? Saberão eles que o grande crescimento do turismo se tem situado justamente em Lisboa? Pouco importa: informam-nos que isso será compensado com “o aumento de turistas na Região Oeste e na Comporta (?), por exemplo”. Sejamos então suficientemente crédulos para acreditar que os quase 900. 000 turistas/ ano que o próprio estudo reconhece que deixarão de vir a Portugal e a Lisboa, devido à localização da Ota, serão amplamente compensados por outros que só cá virão para desembarcar na Ota e ficar logo por ali, ou então para ir à Comporta, que fica 55 kms mais longe! Estarão a brincar connosco?”

 

Noutro estudo encomendado pela NAER, mas que recebeu tratamento discreto e de nome Relatório Final da Análise de Terraplanagens, elaborado pela empresa de construção Parsons, a mesma que tem actualmente grandes obras em curso – adivinhem onde? – no Iraque; e segundo esse relatório:

A “Ota tem um “problemazinho” com a existência de uma serra com 660 metros de altura a norte do enfiamento da pista principal – o que só consente duas soluções: ou se arrasa a serra ou se põe os aviões a fazer manobras escapatórias assim que levantem do chão. Já se sabia que, em termos de segurança de voo na aproximação às pistas, a Ota, devido aos ventos dominantes e outras condicionantes, irá ter fatalmente uma baixa classificação de segurança, em contraste com a Portela, que tem uma excelente classificação internacional.”

 

Ainda segundo o relatório Parsons:

Que “a área do novo aeroporto se situa numa região de forte risco sísmico, na Zona A do zoneamento sísmico nacional (falha do Vale Interior do Tejo).”

“Por exemplo, que será necessário desmatar 100 hectares de terreno arborizado e remover biliões de metros cúbicos de terras. Bem pior, que o terreno é todo ele alagadiço e atravessado por três ribeiras (uma das quais terá de ser desviada), o que leva os engenheiros a afirmar que “pelas suas características geomecânicas desfavoráveis e condições hidrológicas associadas, é particularmente condicionante do tipo de ocupação prevista, delimitando a sua ocorrência zona de risco e exigindo a adopção de disposições de estabilização”. Acontece, de facto, que, para azar dos obreiristas, os terrenos da Ota são integralmente compostos por areia, argilas e lamas, fazendo prever que, após as obras de terraplanagem, “o tempo de consolidação, sem contar com o factor sísmico, possa variar entre 25 e 110 anos”. Mas, há solução: os engenheiros chamam-lhe “colunas de brita” – é cara, complicada e vai durar, só ela, dois anos e meio.”

Dito

por josé simões, em 15.03.07

 “Quando, depois de o Governo decidir o aeroporto na Ota, o Presidente diz que há um problema de escolha técnica, o que tem enorme significado político, as razões técnicas para explicar o novo aeroporto não são suficientes, o que é um problema político. O Governo insiste na Ota, quando técnicos reputados colocam enormes reservas a um aeroporto só para 30 anos e com problemas de segurança e de instalação num terreno alagadiço. Porque insiste o Governo na Ota? O que faz desta uma questão política, ainda que a escolha seja técnica? O Governo precisa desesperadamente de investimento na construção civil, na segunda parte do seu mandato. Daí a Ota e o TGV.”

 

Pacheco Pereira, Quadratura do Círculo/ SIC Notícias, ontem.

A Portela de Sacavém

por josé simões, em 29.01.07

Os terrenos do aeroporto da Portela não entram nas contas para a privatização da ANA; quem o garante é o ministro das Obras Públicas, Mário Lino. E afiança que os terrenos do actual aeroporto de Lisboa não vão ser vendidos para financiar as obras da Ota.

 

Qual vai ser então o destino a dar aos terrenos do actual aeroporto na Portela?

 

“Já falei com o presidente da autarquia, independentemente das pretensões que qualquer das partes possa ter sobre a parcela A ou B dos terrenos. É desejável que o estado e a Câmara se entendam, para que se possa desenvolver um projecto para aqueles terrenos e para a cidade”.

 

É a resposta dada pelo ministro Mário Lino, sem se rir e, nem sequer corar!

 

Sendo do domínio público a situação financeira em que se encontra a Câmara de Lisboa e, com base nos antecedentes deste Governo para situações similares, nomeadamente de José Sócrates enquanto ministro do Ambiente e o número de camas para projectos turísticos no Alqueva versus José Sócrates Primeiro-ministro e o número de camas efectivamente programado e autorizado; acrescente-se-lhe a futura linha de metropolitano projectada para servir a zona do actual aeroporto e, aqui temos um cocktail potencialmente explosivo.

 

Não se antevê um futuro risonho para a qualidade de vida naquela zona da capital.