||| A tralha cavaquista
"Não me venham falar do Dr. Dias Loureiro" [*]
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"Não me venham falar do Dr. Dias Loureiro" [*]
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Lobby do nuclear à parte, isso são outros 500, esta frase resume na perfeição a anedota do que é, na generalidade, o investimento e a iniciativa privada em Portugal e o papel do Estado na economia, deste Estado, com estes protagonistas, paladinos da livre iniciativa privada e da liberalização e desregulação total:
Um Governo que emana duma maioria no Parlamento, eleita pelos cidadãos, com base na mentira e na deturpação da verdade, em eleições livres e democráticas, para defender interesses privados contra interesses privados em prejuízo da economia e dos cidadãos. Ninguém diria…
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Sem nunca pronunciar as palavras "parque", "eólico", "off-shore", e "Aveiro" – se calhar por causa de ser apenas um projecto sobre uma intenção de projecto à procura de financiadores que permitissem ao Estado perder dinheiro, digo eu;
Sem nunca pronunciar as palavras "central" e "nuclear" – se calhar por causa da memória de Three Mille Island, Chernobyl, e Fukushima, digo eu;
Sem nunca pronunciar as palavras "lobby" e "manifesto" – se calhar por causa dos nomes subscritores e de projectos para refinarias em Sines, com estudos de impacto ambiental martelados, e que permitiam ao Estado perder dinheiro, muito dinheiro, digo eu;
Mira Amaral diz que foi o primeiro, naquilo que lhe convém que tenha sido o primeiro, e fala em abrir garrafas de champanhe e em fundamentalismos e em reindustrialização e em fazer descer o preço e em rendas excessivas e em problemas para a economia e mais o Orçamento do Estado, privatizações bancárias à parte.
A gente faz que não percebe e os contribuintes agradecem a preocupação manifestada. Até porque quando o Estado perde dinheiro, muito dinheiro, há alguém que ganha dinheiro, muito dinheiro – projectos, projectos sobre intenções de projecto, lobby, e privatizações bancárias à parte, digo eu.
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Luís Mira Amaral e Patrick Monteiro de Barros, lado a lado, na mesma mesa do Prós & Contras, subordinado ao tema “Insustentável Custo da Energia”.
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Encaixa tudo na perfeição como as peças do Lego. O Governo é de feição e amigo do seu amigo e, a bom pretexto do dinheiro do contribuinte na factura da electricidade, inimigo das energias renováveis. E depois há os empresários de sucesso a quem, sem culpa nenhuma, os negócios faliram e, além do mais, deve haver alguma obscura alínea no memorando de entendimento com a Troika que justifique o bom financiamento público da boa energia que não factura pela factura a pagar pelo contribuinte.
Adenda: Entretanto em França…
[Imagem Original Lego Patent]
Um dia antes de se saber que a Petroplus, o grupo refinador de Patrick Monteiro de Barros, vai avançar com um pedido de insolvência, Patrick Monteiro de Barros himself, decerto por coincidência, foi o convidado de honra do telejornal de Mário ‘Washington’ Crespo na SIC Notícias para comentar o estado da economia nacional e internacional, e onde demorou 3 longos minutos numa entrevista de 25 até começar a arrasar as energias renováveis e a enaltecer as virtudes do nuclear, de cujo lobby é um dos principais mentores manifesto é um dos principais signatários, conjuntamente com Mira Amaral que, logo no dia a seguir, por coincidência também, esteve frente a José Gomes Ferreira no Negócios da Semana também na SIC Notícias, para falar sobre as virtudes da energia… nuclear e arrasar as energias… renováveis. Há coisas fantásticas, não há?
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Ser enganado no mesmo caso, duas vezes seguidas, pela tralha cavaquista, é obra. Parabéns para nós.
"Com este negócio acabámos por criar 750 postos de trabalho."
(Imagem "Performing Bear at Dr. Pepper Circus", Lennon Lynn, 1984)
O “NEI veio anunciar que tinha subido o valor da sua oferta, para um montante que ultrapassa os 100 milhões de euros” mas o "Governo tomou […] a decisão de seleccionar a proposta do Banco BIC Português”, do ex-ministro de Cavaco Silva, Mira Amaral, no valor de 40 milhões de euros, suportando o Estado “os custos com a eventual cessação dos vínculos laborais dos trabalhadores”.
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Ontem havia sido Morais Sarmento na SIC Notícias e Faria de Oliveira à Lusa, hoje Mira Amaral e Luís Montenegro, e até ao final do dia muitos mais se seguirão. A Direita portuguesa acordou da sesta. Como no filme de Marco Brambilla com Silvestre Stallone, Wesley Snipes e Sandra Bullock, estavam conservados em criogénio, programados para abrir os olhos hoje.
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Um bom pretexto para as televisões, no geral, e para a SIC Notícias e o inefável Mário Crespo, em particular, sempre mais rápido que a própria sombra a dar voz aos salvadores da pátria pro bono e investidores-empreendedores partindo do mui nobre princípio que seja o Estado a assumir o risco, convidarem os homens da “aberração económica” para dizerem de sua justiça:
(Imagem de autor desconhecido)
(Imagem de Paolo Ventura)