"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os 42 anos de democracia também já têm um tempo e um passado, é o tempo passado da monarquia-republicana dos políticos que lutaram muito contra a ditadura e a opressão, que fizeram muito por Portugal e pelos portugueses, que se esforçaram muito pelo regime democrático e pela consolidação da democracia parlamentar partidária, que deram os melhores anos da vida pelo Estado de direito e por isso devem ser, monetariamente, recompensados e que quando a conversa não lhes interessa sacam do argumento do "populismo" e rematam com o da "demagogia", assim a modos que uma "Lei de Godwin" dos políticos pantomineiros-manhosos.
Ética republicana, eu é que sou a verdadeira socialista, doutrina social da igreja, recepções a chefes de Estado estrangeiros com repasto servido em depósitos de velhos, administrados pela indústria da engorda à custa da miséria alheia a expensas do Estado - IPSS's, servido em talheres de prata pagos pelos suspeitos do costume e discos do Frank Zappa.
Alguém devia informar soror Maria que o que interessa saber é qual/ quais o[s] critério[s] que estão por detrás do convite às empresas para integrarem a comitiva presidencial e não quem paga a viagem. É a transparência versus o economês da alegada poupança para o erário público. E este é exactamente o mesmo princípio subjacente à poupança conseguida por Pedro Passos Coelho com as viagens de executiva para económica.
Na tropa avisavam com uma semana de antecedência que no dia tal o general vinha visitar o quartel e, daí até ao dia tal, era um virote de maçaricos e prontos, às ordens dos furriéis e de aspirantes que podiam muito bem ser furriéis, a capinar mato nas traseiras da caserna e erva daninha nos intervalos da pedra da calçada, a caiar paredes e esfregar chão, a polir espelhos e fundos de sanita com sarro e, no dia da visita, o rancho era de certeza confeccionado pelo chef do Solar dos Presuntos ou, vá lá, do Gambrinus.
Cumprindo a sua sina, depois da primeira, cada qual é para o que nasce, certinho como o destino, a segunda, uma entrevista inteirinha gasta a falar de Marcelo Rebelo de Sousa, para depois os comentadores, quase tanto tempo quanto o tempo ganho por Marcelo Rebelo de Sousa com a entrevista a Maria de Belém Roseira, passarem o tempo do espaço de comentário à entrevista a falar de Marcelo Rebelo de Sousa por causa da paixão de Maria de Belém Roseira por Marcelo Rebelo de Sousa. Há liaz, raaamente "o meu adversário directo não é Sampaio da Nóvoa".
Está encontrado o idiota candidato útil a Marcelo nas presidenciais de 2016: Maria de Belém, os primeiros 17 minutos da entrevista à televisão do militante n.º 1 gastos a falar de... Marcelo. Temos candidata.
O homem que gastou o último mês da sua vida a arregimentar tropas numa cruzada contra um Governo do Partido Socialista suportado por uma maioria de esquerda no Parlamento.
«O eurodeputado socialista Francisco Assis defendeu hoje que só a candidata à presidência Maria de Belém pode unir toda a esquerda [...]»
E uma vez que não podemos [conseguimos?] pensar em duas ou mais coisas ao mesmo tempo e uma vez que o tempo das presidenciais não é o tempo das legislativas e uma vez que e que não se deve falar em presidenciais antes das legislativas, uma regra definida por alguém que não se sabe quem e cumprida por [quase] todos, e uma vez que atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir, visto daqui, a minha dúvida é se Henrique Neto e Maria de Belém Roseira, Sampaio da Nóvoa não sei porque em princípio não anda metido nestas alhadas dos clãs partidários, vão votar no Partido Socialista nas legislativas de 4 de Outubro ou antes pelo contrário, e daí o não se poder falar das presidenciais antes das legislativas, não vão os sujeitos aproveitar o tempo de antena para apelar ao voto em sabe-se lá quem, ou mesmo apelando ao voto no Partido Socialista as pessoas acabem por não votar no Partido Socialista por anti-corpos com os candidatos e confundidas com quem vai a votos, se Henrique Neto, se Maria de Belém Roseira, se António Costa e o Partido Socialista, já que não conseguem [podem?] pensar em duas ou mais coisas ao mesmo tempo. Coitadas.
E isto dos tempos eleitorais é, como sói dizer-se, conversa de ir ao cu, infantilizar o eleitor.
À hora do almoço estava António Costa em directo na SIC Notícias da porta do do Palácio de Justiça, em Lisboa, onde tinha ido entregar as listas do Partido Socialista às legislativas de 4 de Outubro, com Maria de Belém Roseira a servir de emplastro no grupo dos caras-de-parvo que estão sempre atrás de algum líder, ministro ou secretário de Estado a dizer que sim com a cabeça, com o secretário-geral do PS a dizer que a prioridade são as legislativas.
À hora do lanche estava António Costa na SIC Notícias em directo no Opinião Pública a responder às perguntas dos telespectadores, com Maria de Belém Roseira a servir de emplastro, em casa a anunciar aos quatro ventos a sua candidatura às Presidenciais de 2016.