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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Populismo e peixe assado

por josé simões, em 26.02.18

 

Setúbal, descarregador de peixe, 1952, Américo Ribeiro.jpg

 

 

Afinal parece que o ministro mentiu, ou antes, faltou à verdade, ou antes, desconhecia a realidade, porque um ministro não tem de saber tudo e um ministro só diz o que o gabinete de imprensa lhe diz para dizer e se tiver instinto político inventa logo ali na hora com uma perna às costas, adiante.

 

Afinal parece que  só há uma creche a funcionar ao fim-de-semana, ainda assim só ao sábado e ainda assim privada, adiante.

 

O que o ministro não disse, industriado pelo gabinete de empresa, nem inventou logo ali na hora com uma perna às costas, foi porque é que devem ser os contribuintes, com o dinheiro dos seus impostos, a financiar a abertura de uma creche ao sábado para os filhos dos trabalhadores da Autoeuropa e não uma creche para as cozinheiras, as lavadeiras de pratos, os assadores de peixe e os empregados de mesa e balcão, do contrato de trabalho apalavrado a salário abaixo de mínimo e à gorjeta se a houver, com uma folga semanal, à segunda que é o dia em que não há lota, dos restaurantes onde os trabalhadores da Autoeuropa vão comer peixe assado ao fim-de-semana com a família, adiante.

 

O que o ministro não disse, industriado pelo gabinete de empresa, nem inventou logo ali na hora com uma perna às costas, foi porque é que devem ser os contribuintes, com o dinheiro dos seus impostos, a financiar a abertura de uma creche ao sábado para os filhos dos trabalhadores da Autoeuropa e não uma creche para as empregadas de limpeza, mulheres a dias como se usava dizer, pagas à hora, a qualquer hora do dia, sem subsídio de férias e sem 13.º mês, nas escadas dos condomínios e nas casas do trabalhadores da Autoeuropa, e para as engomadeiras das engomadorias do trabalho pago à peça, quantas mais melhor, na roupa levada em sacos-cesto de plástico com recolha e entrega ao domicilio dos trabalhadores da Autoeuropa.

 

O que o ministro não disse, industriado pelo gabinete de empresa, nem inventou logo ali na hora com uma perna às costas, foi porque é que devem ser os contribuintes, com o dinheiro dos seus impostos, a financiar a abertura de uma creche ao sábado para os filhos dos trabalhadores da Autoeuropa e não a própria multinacional a fazê-lo ou, vá lá, a abrir uma creche dentro da própria fábrica como fazem as fábricas, multinacionais ou não, na Alemanha, contribuindo assim para que as crianças cresçam junto das mães/ pais e criando mais postos de trabalho e riqueza para a região.

 

Ma zisse é converrsa de populisme, vames mazé comerr peixe assade a Setúble [Setúbal accent].

 

[Imagem "Setúbal, descarregador de peixe, 1952" do insigne fotografo setubalense Américo Ribeiro]

 

 

 

 

O Verdadeiro Artista

por josé simões, em 22.02.18

 

suricate-or-meerkat-sitting.jpg

 

 

Ver o senhor Silva da UGT à frente de uma embaixada sindical, em bicos dos pés na porta da Autoeuropa um dia depois de conseguido o pré-acordo entre a administração e a Comissão de Trabalhadores, afirmar que tal se deveu por ter mexido uns cordelinhos através do congénere na Alemanha e não-sei-quem em Bruxelas,  que propiciou o desbloquear do impasse em Portugal, já que o acordo alcançado em Wolfsburg "espoletou e facilitou, por réplica natural", o acordo dentro de portas e, pasme-se, "a possibilidade de acordo para todas as outras unidades na Europa", sem contudo esclarecer, nem nenhum jornalista de serviço se ter le,mbrado de lhe perguntar, se o IGMetal assinou pressionado pelo "sentido de Estado" e pela "responsabilidade" da central portuguesa, se a Comissão de Trabalhadores portuguesa assinou pressionada pelo sindicato alemão, se a administração em Palmela assinou com medo de mais greves convocadas pelo IGMetal na Alemanha.

 

[Imagem]

 

 

 

 

Muito bom!

por josé simões, em 29.01.18

 

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As jornadas parlamentares do CDS, em Setúbal, com Assunção Cristas, a falar mal dos sindicatos, António Saraiva, da CIP, a falar mal dos sindicatos, o moço de fretes da CIP, perdão, o secretário-geral da UGT, a falar mal dos sindicatos. "Há sabujos de raça nos sindicatos agitadores profissionais na Autoeuropa".  Muito bom!

 

[Imagem]

 

 

 

 

Os mui famosos portugueses de primeira

por josé simões, em 23.01.18

 

Banana-Split.SuzanneSaroff.jpg

 

 

Os portugueses que ao sábado deixam os filhos com os avós, com os irmãos, ou ao Deus-dará por não terem possibilidades económicas para pagarem uma creche ou uma ama;

Os portugueses que trabalham os sábados ao preço do dia útil pagam, por via do dinheiro dos seus impostos, a creche dos portugueses que ganham o sábado a triplicar;

Os portugueses mais bem pagos de Portugal têm os outros portugueses a pagar-lhes, por via do dinheiro dos seus impostos, a creche dos seus filhos filhos;

Os portugueses que contribuem com o esforço do seu trabalho para 1% do PIB têm a creche dos seus filhos paga com o dinheiro dos impostos dos outros, dos que contribuem para 99%.

 

Os mui famosos portugueses de primeira e portugueses de segunda.

 

Segurança Social paga creche ao sábado dos filhos de trabalhadores da Autoeuropa

 

[Imagem]

 

 

 

 

O Plano Quinquenal

por josé simões, em 19.12.17

 

Five-year plans for the national economy of the Soviet Union (1).jpg

 

 

É altura de o Governo assegurar as condições para que a Autoeuropa seja parte integrante da nova fase da estratégia produtiva da Volkswagen.

 

 

 

 

Malucos para a troca

por josé simões, em 15.12.17

 

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Quando abres a caixa do correio e descobres que o mundo está pejado de malucos.

 

 

 

 

O Verdadeiro Artista

por josé simões, em 02.12.17

 

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"O líder da CGTP acrescenta [...] que a Volkswagen deve ter em conta o custo de produção do novo modelo, que é muito mais baixo em Portugal do que na Alemanha". E ainda muito mais baixo na Roménia, na Bulgária ou na Moldávia do quem em Portugal, e muito mais perto de Berlim. Mas isso ele aprende depois.

 

[Imagem]

 

 

 

 

Entregues à bicharada

por josé simões, em 11.09.17

 

 

 

No Prós e Contras, o programa mais imbecil da história da televisão portuguesa, na RTP, a televisão pública, apresentado por uma jornalista sem saber ler nem escrever, com apartes e comentários recusados pela produção dos Simpsons para a voz de Homer, esta semana sobre a Autoeuropa, a greve, e a "força sindical por trás" [sic] - trabalho interessante a fazer pela concorrência da televisão pública seria reportagem na Alemanha sobre o que um alemão anónimo pensa de uma televisão que gasta uma noite de segunda-feira a organizar debate sobre uma greve, um trabalhador colaborador da Autoeuropa apontou como "o inimigo" a administração da empresa que lhe dá o emprego e lhe paga o salário que lhe permite pagar as contas. A seguir veio outro senhor queixar-se dos horários e ritmos infernais de trabalho impostos pela administração. Estamos entregues à bicharada.

 

 

 

 

A direita dos comediantes

por josé simões, em 31.08.17

 

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Aqueles que à direita andaram, freneticamente, de norte a sul do país de megafone numa mão e de espantalho na outra com a deriva radical de um Governo do Partido Socialista suportado pela irresponsabilidade do Bloco de Esquerda que conduziria, inevitavelmente, o país à ruína e ao terceiro e ao quarto e ao quinto resgate de Portugal que já era a Grécia e do Syriza estalinista-trotsquista nos gabinetes da Rua da Alfândega, são aqueles que lamentam a reforma do responsável, e prenhe de 'sentido de Estado', militante e deputado do Bloco de Esquerda, António Chora, anos a fio à frente da Comissão de Trabalhadores da paz na Autoeuropa. Siga a marcha.

 

 

 

 

O umbigo deles

por josé simões, em 03.08.17

 

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O princípio que defende que nas eleições norte-americanas deviam poder votar todos os cidadãos de todos os países que assim o entendessem, pelas implicações globais ao nível político e económico, é o mesmo princípio que devia permitir aos contratos de trabalho da Autoeuropa serem discutidos e aprovados pelos milhares de trabalhadores das centenas de empresas que dependem directa e directamente da multinacional alemã.

 

[Imagem]

 

 

 

 

||| Um Governo de irresponsáveis

por josé simões, em 30.09.15

 

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Penalizar a Volkswagen. A Volkswagen da Autoeuropa dos 200 mil empregos directos e indirectos; a Volkswagen dos 0,8% do PIB; a Volkswagen dos 10% das exportações.


A vida corre-nos bem e, como diz Paulo 'Oliveira de Figueira' Portas, os empresários só estão à espera que a coligação de direita seja reeleita para decidir avançar com o investimento na economia.


«O Governo admite penalizar as empresas que falsearam informações sobre os motores de automóveis, em Portugal»


[Na imagem poster de Saul Bass]

 

 

 

 

||| É assim que a coisa funciona

por josé simões, em 16.05.14

 

 

 

Primeiro vem um ministro esclarecer, desvalorizando a "inverdade" com uma mentira. Quase sempre o ministro câmara de eco, Luís Marques Guedes, quando as notícias são péssimas, sempre o vice-primeiro-ministro botões de punho-pepsodent, Paulo Portas, quando a mentira tem uma base de verdade. Depois, quando a verdade vem à tona, já é tarde demais porque, o esclarecimento, da "inverdade" com a mentira ou da mentira com uma base de verdade, já passou em todas as rádios e em todas as televisões a todas as horas certas em todos os telejornais e em todos os blocos noticiosos e há sempre as alminhas de boa-fé que ouviram a verdade a que temos direito mas que já não ouvem a verdade ela própria porque nem sequer passa na comunicação social, ela própria câmara de eco do ministro câmara de eco.

 

[Imagem de Chris Goennawein]

 

 

 

 

 

 

|| Ninguém passa cartucho às concepções económicas e salariais de Passos Coelho

por josé simões, em 07.03.13

 

 

 

«Trabalhadores da fábrica de Palmela têm dois aumentos salariais em 2013 e recebem ainda um apoio social como compensação pela conjuntura económica do país.»

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| Proletários de Todo o Mundo, Uni-vos!

por josé simões, em 25.03.09

 

 

Gostava de conhecer a opinião de António Chora, militante e dirigente do Bloco de Esquerda, e líder da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, sobre a remake feita pelo seu partido ao anúncio da Antena 1.

 

E se a joint-venture entre a Ford e a Volkswagen que levou à criação da Autoeuropa tivesse no início optado pelos Estados Unidos ou pela Alemanha para instalar a unidade de produção?

 

O Bloco de Esquerda aplaude o proteccionismo de Sarkozy que está a provocar irritação nos Checos?

 

(Na foto a primeira edição do Manifesto do Partido Comunista via Mary Evans Picture Library)

 

Vamos fabricar um Carro ou vamos fabricar um Trabant?

por josé simões, em 09.11.07

 

Leio hoje no Público “Luta pelo futuro monovolume em risco na Autopeuropa, a fábrica que era de topo no ranking passou a reportar falhas, teve de abrandar a produção e exige mais dos fornecedores (…) portugueses” que por sua vez se queixam “da mudança de atitude do grupo alemão e as mudanças internas decididas pela nova gestão têm levado os trabalhadores a reclamar mais diálogo.” Mais à frente “o caso” é deslindado: “O Facto do novo homem forte da VW vir da Audi, Martin Winterkorn, é a explicação para inspecções mais exigentes.”
 
Confesso que me apetecia escrever já aqui uma quantidade de barbaridades, daquelas mesmo feias, mas vou fazer um esforço de contenção. Então andam para aqui há um ror de anos a apregoar que a viabilidade da economia portuguesa e das empresas nacionais, face a um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, passa por elevar os padrões de qualidade como forma de conseguir lutar ombro-a-ombro com as novas economias emergentes, nomeadamente as asiáticas, que estão nos mercados pelo baixo custo e mão-de-obra barata, e depois reclamam!? Mas reclamam do quê? O que é que o diálogo reclamado pelos trabalhadores tem que ver com produção baseada em altos níveis de qualidade?
 
O problema é o homem vir da Audi. Elucidativo. O problema não é a tradicional balda portuguesa, e como tal vamos dar-lhe um tempinho até ele se adaptar a Portugal, aos portugueses, à especificidade dos povos do sul da Europa e outras tretas do género. Já alguém parou para pensar porque será que Audi é sinónimo de prestígio e qualidade? Vamos fabricar um Carro ou vamos fabricar um Trabant; é a questão.
Outra questão é que estão com a corda na garganta e fingem não perceber, que é ainda mais grave do que não perceber…
 
Adenda: Aqui há uns anos tive um director que para pôr os novos colaboradores da empresa “na ordem” quando a coisa começava a descambar para a conversa, tipo muita parra e pouca uva, perguntava: “Óh meu amigo! O senhor veio para aqui para conversar ou para trabalhar?”
 
(Foto via La Reppublica)