O homem do gás
As coisas eram mais simples, ia escrever "fáceis", nos idos de um PIDE na ombreira da porta da frente ou das sombras dos bufos em cada pedra da calçada, a dar fé de quem parava para conversar à janela, da chegada do pitrolino, da passagem do almeida [se o Google não vos disser perguntem aos vosso avós o que era] da subida das escadas pelo homem do gás, contra a entrega do vasilhame, da botija vazia. Compras uma levas uma, compras duas levas duas, ninguém comprava duas e ainda havia fogões a petróleo e ferros de engomar a carvão, Setúbal anos 70. Sucking in the 70s. O medo. O terrorismo de Estado sobre os cidadãos.
Agora nunca ficamos pendurados a meio do banho [praise natural gas! importado de terras do califado para terras do califado] mas continua a ser compras uma levas uma, mesmo que se vá a Espanha, por ser mais barato, e se atravesse a fronteira que já não há com a "bomba" dentro da mala do carro. Normal na Europa normalizada.
Normal na Europa normalizada globalizada do big brother das CCTV, Via Verde, Multibanco, GPS e net monitorizada não é roubarem 120 botijas de gás num curto espaço de tempo e na mesma região sem que "intelligentsia" dos serviços secretos repare no inusitado da situação. Normal não é um imã pregador do ódio e da violência circular pela Europa de Schengen sem que "intelligentsia" dos serviços secretos se lembre de somar 1 + 1 e ligar o passado de Bruxelas ao futuro de Barcelona. A "asnogentsia", de asno, dos serviços secretos, lesta em acções de propaganda sobre a opinião pública com as dezenas de atentados terroristas gorados até ao dia do atentado terrorista que matou dezenas, perpetrado pelo terrorista que estava referenciado e andava debaixo de olho, na célula terrorista que andava a ser seguida e que, logo no dia a seguir, foi desmontada, sem sobreviventes para em tribunal contarem a história. Então se todos sabiam quem eram, quantos eram e onde se reuniam e o que tramavam porque é que as coisas aconteceram? Ou o terrorismo anónimo sobre o cidadão anónimo, antes brigadista vermelho revolucionário e agora islâmico, é amigo do terrorismo de Estado, democrático na forma, como justificação para toda a panóplia de supressão de direitos e garantias, uma espécie de Cancer Man dos X-Files aplicado à realidade do dia-a-dia. Não sei não…
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