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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Atenção! Attention! Achtung! Fascista à espreita!

por josé simões, em 23.12.06

(…) que na politica, “reino do mal”, como aprendemos com Santo Agostinho e Maquiavel, a razão de Estado, quando se trata da sobrevivência das comunidades e pessoas em situação limite – “mors tua vita mea” – leva os protagonistas a fazer as mesmas coisas: no Chile em 36, fatalmente ia haver confronto, guerra, vítimas de guerra, vítimas colaterais, vencedores e vencidos. Como na Rússia em 1917, na China em 1949, ou em Cuba em 1959. Como em França na Revolução ou nas Guerras Religiosas. Os vencedores sempre reprimem e punem mais que os vencidos e, nos casos citados, pode dizer-se que, a avaliar pelos exemplos dos correligionários, temos legitimas duvidas de qual teria sido o resultado da vitória dos “rojos” no Chile de 73 e em Espanha em 1936. A avalia pelo que fizeram em Espanha nas áreas que controlaram em 36 e o que fizeram e Cuba, desde que tomaram o poder e pelo modo como o exerceram quando não tiveram os Francos e os Pinochets para os parar.”

 

Quem assim fala é Jaime Nogueira Pinto (JNP) na edição de hoje do Expresso, num artigo intitulado “Batalhas do Passado”.

À parte a dedução estúpida de que “os vencedores sempre reprimem e punem mais que os vencidos” – que proponho desde já para o top ten das bacoradas do ano que agora finda – nunca dei noticia de haver vencidos a reprimir e a punir vencedores…

O que o sr. JNP diz é muito grave, por deixar implícita a defesa dos fascismos e dos seus crimes, com todos os dentes que tem na boca.

 

Segundo JNP eram inevitáveis as mortes e os crimes perpetrados por Pinochet e pela sua junta no Chile de 73. E inevitáveis porquê? Segundo JNP está em causa a "sobrevivência das comunidades e pessoas em situação limite". Nos casos específicos citados, Chile, Espanha ou até mesmo Cuba, quais comunidades? Quais as situações limite? No caso chileno talvez a comunidade dos que haviam perdido as eleições... JNP finge ignorar que aconteceu um golpe de estado que derrubou um governo legítimo e democraticamente eleito – Salvador Allende – e passa à frente; no caso de Espanha talvez a comunidade do proto-fascista-desterrado-no-norte-de-àfrica Francisco Franco; no caso de Cuba ilha-bordel-casino antes de Fidel, seria a comunidade dos americanos frequentadores, desde os "ilustres" até aos mafiosos foragidos ao Tio Sam.

 

JNP lança exemplos para desorientar, como a Rússia de 1917, esquecendo a Alemanha de Hitler ou a Itália de Mussolini, porque aí, pelos vistos o factor eleições já conta, ou faz mão de Cuba em 1959, esquecendo Cuba de 1958 e que 90% da culpa de Fidel se ter tornado no que se tornou se deve única e exclusivamente aos americanos que o empurraram para os braços de Krutchev.

 

E tem “legitimas dúvidas de qual teria sido o resultado da vitória dos “rojos” no Chile em 73”, dúvidas que, 3 mil mortos e desaparecidos, outros milhares de torturados, violentados e humilhados por causa de Pinochet, JNP nunca vai poder tirar. Nem ele nem nós.

 

As mesmas dúvidas que JNP tem “ (…) em Espanha em 1936. A avaliar pelo que fizeram (os rojos) nas áreas que controlaram (…)”.

 

Estas dúvidas quer JNP, quer nós, vamos ter de viver com elas.

As dúvidas que não temos são as dos milhares de mortos por Franco, debaixo das lápides do Vale de Los Caídos; ou da autentica lição de história viva que está exposta nas catacumbas / abrigos, escavados na rocha da cidade de Cartagena, onde os seus habitantes viveram durante 2 anos debaixo de intensos bombardeamentos da aviação de Hitler, aliado ideológico de Franco contra o seu próprio povo. Outros dois democratas “anti-rojos” e criadores de dúvidas na mente de JNP.

Para JNP os Francos e os Pinochets são bons e recomendam-se pelo mérito de travarem os rojos.

Para JNP há ditaduras e totalitarismos, fascismos e outros ismos aceitáveis desde que não rimem com comunismos.

 

Parafraseando JNP no mesmo artigo “O tempo, que é um grande mestre (perdoem-me o “cliché”, mas é mesmo…) ensina que um ditador bom é um ditador morto, e JNP cronista / apologista de ditadores – desde que não sejam vermelhos – e seus métodos, já está morto. Ainda não deu por nada.