"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Na falta de uma maioria absoluta o segundo partido mais votado tem de apoiar as políticas da coligação vencedora por isso mesmo, porque a coligação vencedora venceu e porque foi essa a vontade do eleitorado que deu a vitória à coligação vencedora e porque o segundo partido mais votado tem de respeitar o eleitorado que votou e deu a vitória à coligação vencedora e não o eleitorado que deu o segundo lugar ao segundo partido mais votado. E a comunicação social repete ad nauseam.
E isto é só um upgrade do salazarento consenso pedido por Cavaco Silva, o presidente de facção que só responde perante o eleitorado que o elegeu.
E quando pensávamos que já tínhamos visto tudo eis senão quando surge Paulo Portas empoleirado no palanque a insinuar que os empresários, "por uma questão de confiança", estão à espera que ele seja reeleito para decidir do investimento na economia. "Por uma questão de confiança". E toda a gente na assistência, cê-dê-ésses e pê-pê-dês, bateram muitas palmas.
Os jornalistas são os primeiros a chegar às praças e às avenidas, desertas, para onde estão marcadas as concentrações da coligação. Depois chegam os líderes e os cabeças de lista da coligação pelo distrito e com eles chega uma multidão, instantânea como a sopa dos pacotes, e que faz barulho, muito, e que grita "Portugal! Portugal!" e que atira o líder ao ar e que leva o líder em ombros. Estranhamente todos extremamente parecidos com os que na véspera, instantaneamente, chegaram a outra praça e a outra avenida a dezenas e a centenas de quilómetros dali e que também fizeram barulho, muito, e que também gritaram “Portugal! Portugal!” e que também atiraram o líder ao ar e que também levaram o líder em ombros. E depois vão todos embora, instantaneamente como chegaram, e amanhã é outro dia e é outra vez do mesmo e ficam só os jornalistas como quando chegaram.
Um país de sósias como nunca visto. E sempre todos homens, como na televisão quando a "rua árabe" sai à rua a gritar "morte aos amaricanos!".
E um país de jornalistas sósias porque cúmplices destas chico-espertices da agit-prop.
[Duarte Schmidt Lino, um dos accionistas da compradora-logo-vendedora Finageste, escrevia a meias um blog com Pedro 'vem emigrante’' Lomba, secretário de Estado adjunto do ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, e é accionista e vogal do conselho de administração do Observador, o jornal da direita com swag].
Como dizem os pantomineiros de direita quando a conversa não lhes agrada, "se o senhor tem alguma suspeita ou sabe de alguma coisa participe à Procuradoria-geral da República".
Marcelo Rebelo de Sousa comentador, independente, na televisão em horário nobre. Pedro Santana Lopes comentador, independente, na televisão em horário nobre. Luís Marques Mendes comentador, independente, na televisão em horário nobre. Luís Filipe Menezes comentador, independente, na televisão em horário nobre. Francisco Pinto Balsemão dono, e militante n.º 1 independente, de uma televisão.