"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Vendo as coisas pela positiva, Pedro Passos Coelho vai-se embora, Paulo Portas vai-se embora, o CDS desaparece do mapa eleitoral, Cavaco Silva começa a desmanchar a cama [e vai ser o cabo dos trabalhos para o sucessor recuperar o prestígio e a credibilidade da instituição Presidência da República, mas isso é só em 2016]. E 2015 só pode ser um bom ano. Para vocês também.
A direita virou tanto à direita [mas isso, por mais que a direita vire, nunca chega a "extrema", que "extrema" é exclusivo da esquerda] e a Europa virou tanto com ela, e com a direita virou a esquerda, até ficar no sítio que era antes o sítio da direita que, amigos amigos negócios à parte, que é como quem diz, comparar o Podemos, do aprendiz de Hugo Chávez, Pablo Iglesias, com o Syriza de Alexis Tsipras, que está neste preciso momento onde o PASOK devia estar antes de ter virado à direita no "arrastão" de Gerhard Schröder e Tony Blair, é manifestamente má-fé.
Como diria o "camarada" Mao Tsé-tung, que não entra na equação - na minha, nem na de Pablo Iglesias nem na de Alexis Tsipras, isto é um tigre de papel, que dá jeito, muito, aos "mercados" e ao capitalismo financeiro, por interposta pessoa, a direita, que virou tanto à direita e que na viragem arrastou a Europa consigo e a esquerda para o sítio que antes era o sítio da direita. Essa é que é essa.
O dia que soubemos todos que o FMI estava a "ajudar a Grécia" pelas notícias nos jornais todos que davam conta de que o FMI suspendia a "ajuda a Grécia" até à tomada de posse do novo Governo.
E como a opinião pública só deve opinar aquilo que convém à opinião privada, ao que vamos assistir é àqueles que potenciaram o crescimento e a vitória eleitoral do Syriza montados na besta das sete cabeças e dos dez chifres, assim como João a descreve no Livro do Apocalipse, a anunciar o fim do mundo, ou vá lá, o fim da Europa, caso o Syryza vença as eleições.
Aquilo que em Jerónimo de Sousa é genuíno, quer pela origem de classe, quer pela baixa escolaridade e consequente pobreza semântica, e que em Passos Coelho, mais pontapé menos pontapé na gramática, podia ser "um burro carregado de livros é um doutor" é afinal uma "bengala linguística" que tem em Jerónimo de Sousa termo de comparação. Sancionado pelos outros, doutores e doutoras do partido, com mais ou menos livros no carrego.
"[...] há depois o risco da vitória de António Costa. E dir-se-á, a vitória de António Costa não é boa para José Sócrates? Eu acho que não. [...].
O que é facto é que um novo líder com uma vitória eleitoral apaga o líder anterior. [...]. E quanto maior for o sucesso de António Costa mais José Sócrates fica... aaa... não é esquecido na cabeça dos socialistas mas é fora da ribalta da realidade política"
E em menos de um fósforo o problema que António Costa tinha com José Sócrates passa a ser o problema que José Sócrates tem em António Costa, além, obviamente, de estar preso sem saber porquê [mas isso também não interessa nada para o circo Marcenali] e termina, com um salto mortal engrupado à retaguarda, a dar como certa a vitória de António Costa nas legislativas de 2015.
É este o pantomineiro que a direita quer eleger como Presidente da República e que ganha a vida e visibilidade com um reality show numa televisão nas noites de domingo onde o que hoje é ferro amanhã é pedra ou nem por isso?
Antes de noticiarem que a Coreia do Norte ficou sem internet por ter chamado a Obama uma coisa que toda a gente, Coreia do Norte e tudo, chamava ao W. Bush, deviam abrir parêntesis e informar também qual a percentagem de norte-coreanos que tem acesso à internet, Com um 'cadinho de esforço até conseguiam publicar o nome dos privilegiados e tudo.